Numa publicação partilhada hoje no seu site oficial, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alerta que “hoje, há mais crianças a precisar de ajuda humanitária do que em qualquer outro momento desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)”.
“Por todo o mundo, crianças e as suas famílias enfrentam uma mistura mortífera de crises, de conflitos e deslocações, a surtos de doenças e taxas crescentes de desnutrição. Entretanto, as alterações climáticas pioram estas crises e desencadeiam outras”, lê-se no texto.
Na publicação, a UNICEF partilha a lista de onze locais “que precisam de mais atenção e apoio em 2023”.
São eles: Sudão do Sul, Iémen, Haiti, República Democrática do Congo, Paquistão, Burkina Faso, Myanmar, Palestina, Bangladesh, Síria e Quénia.
No Sudão do Sul, “inundações sem precedentes tiveram um impacto devastador sobre as famílias”, com “colheitas destruídas, pastos submersos e as pessoas a serem forçadas a deixar as casas”.
No Iémen, onde a guerra civil já dura há oito anos, ” os sistemas dos quais dependem as famílias continuam à beira do colapso total”. A UNICEF recorda que, naquele país, “mais de onze mil crianças foram mortas ou mutiladas desde 2015, enquanto conflitos, deslocamentos maciços e choques climáticos recorrentes deixaram mais de dois milhões de crianças gravemente desnutridas e a lutarem para sobreviverem”.
No Haiti, um surto de cólera este ano tornou-se “mais um risco para a saúde das crianças, e das suas vidas”, que se juntou à “turbulência política, agitação civil e violência de gangues, pobreza incapacitante e desastres naturais”.
A “escalda no conflito armado” e os “surtos recorrentes de doenças mortais” afetam “milhões de crianças” na República Democrática do Congo, país que regista “o segundo maior número de pessoas deslocadas internamente no mundo”.
No Paquistão, “meses depois das enchentes que devastaram o país, vastas áreas de cultivo e aldeias continuam submersas”. “Cerca de oito milhões de pessoas ainda estão expostas a enchentes ou vivem perto de zonas alagadas. Muitas famílias ainda vivem em barracas improvisadas ao longo de estradas ou perto dos escombros das suas casas — muitas vezes ao ar livre, ao lado de água contaminada e estagnada”, alerta a UNICEF.
No Burkina Faso há 1,7 milhões de pessoas deslocadas internamente, 60% das quais são crianças. Para essa deslocação, contribuíram “a fragilidade política, os impactos das mudanças climáticas e as crises económicas e de saúde”.
Em Myanmar há, segundo a UNICEF, 5,6 milhões de crianças a precisar de ajuda humanitária. Os conflitos armados em Myanmar começaram em 1948, no ano em que aquele país conseguiu a independência do Reino Unido. Este ano, “os ataques a escolas e hospitais continuaram em níveis alarmantes, e foram relatadas graves violações dos direitos da criança”.
Na Palestina, as crianças “continuam a enfrentar uma prolongada crise de proteção e uma ocupação contínua”, com cerca de um milhão a precisarem de ajuda humanitária.
O Bangladesh acolhe “centenas de milhares de refugiados rohingya” que fugiram “da extrema violência em Myanmar”.
“Embora tenham sido fornecidos os serviços básicos nos acampamentos, as crianças ainda enfrentam surtos de doenças, desnutrição, e outros riscos como exploração e violência”, relata a UNICEF.
Na Síria, “mais de uma década de crises humanitárias e conflitos deixaram as crianças a enfrentar uma das situações de emergência mais complexas do mundo”.
O Quénia enfrenta “a pior seca dos últimos 40 anos”. “Sem água, as plantações não podem crescer e os animais e o gado morrem. A perda de alimentos nutritivos, combinada com falta de saneamento, deixou centenas de milhares de crianças a precisarem de tratamento para o definhamento”, salienta a UNICEF.
JRS // RBF