Alessio Di Giulio, conselheiro pela Lega Nord em Florença, partido político de extrema-direita de Itália, publicou um vídeo onde caminhava numa rua dessa cidade, enquanto se dirigia a uma mulher de etnia cigana, que acenava alegremente antes de perceber a sua intenção. “No dia 25 de setembro, votem na Lega Nord para nunca mais a verem em Florença” disse o político, falando diretamente para a câmara. “Não, não diga isso. Não estou com medo”, respondeu, em seguida, a mulher.
A promessa de que os cidadãos de etnia cigana iriam ser banidos das ruas italianas, caso o partido vença as eleições no final deste mês, gerou uma onda de revolta e indignação nas redes sociais e na comunidade.
Enrico Letta, ex-primeiro-ministro italiano, foi um dos mais críticos. “Algumas coisas chocantes estão a acontecer nesta campanha eleitoral”, disse o político, referindo-se também a Giorgia Meloni, líder do partido Irmãos da Itália, que no mês passado partilhou um vídeo de uma mulher ucraniana a ser violada por um requerente de asilo.
Di Giulio defendeu-se das acusações de racismo de Dario Nardella, governador de Florença, argumentando que tem uma namorada nigeriana e que queria simplesmente denunciar “o crime de mendigar” – embora existam algumas restrições, não é crime pedir esmolas em Itália.
O Lega Nord, que já foi um dos maiores partidos de Itália, é liderado por Matteo Salvini, que, em 2018, prometeu reprimir a comunidade cigana e expulsar os que vivem na Itália ilegalmente. Apesar disso, Salvini já reagiu ao vídeo, numa entrevista à Sky TG24, referindo que o mesmo era uma “estupidez”. “Enganou-se, fez uma figura ridícula, porque os problemas resolvem-se com a legislatura e com as forças que impõem a ordem. O problema dos campos ciganos não se resolve com um vídeo e apontando o dedo a uma pessoa”, afirmou.