Lisa-Maria Kellermayr, uma médica austríaca que esteve na linha da frente no combate à Covid-19, foi encontrada morta no seu consultório na passada sexta-feira. Lisa era uma defensora da vacinação contra a Covid-19 e, por isso, era constantemente perseguida e ameaçada por parte de grupos negacionistas.
Apesar de ainda se estar a descobrir o que aconteceu, suspeita-se que este seja um caso de suicídio. Segundo o jornal The Guardian, as autoridades disseram aos jornalistas que encontraram três notas de suicídio e que não vão fazer autópsia ao corpo.
O caso de Lisa-Maria Kellermayr provocou uma onda de choque e indignação, levando a manifestações e vigílias de apoio a todos os que passam pelo mesmo. Os médicos austríacos pedem maior proteção e a criação de leis rígidas contra o bullying e a guerra psicológica.
O presidente austríaco, Alexander Van der Bellen, liderou as homenagens e pediu o fim “da intimidação e do medo”. “O ódio e a intolerância não têm lugar no nosso país”, referiu, lamentando as ameaças contra a médica.
Lisa era apaixonada pelo que fazia, garantem os amigos. Logo no início da pandemia, ofereceu-se para visitar as pessoas infetadas, durante duas semanas, em turnos de 24h. Ao aperceber-se do efeito benéfico das vacinas, Lisa partilhava com frequência no Twitter as suas opiniões, pouco bem aceites pelos que se opunham.
A médica recebia várias mensagens de ódio e, em novembro do ano passado, a clínica onde trabalhava foi cercada por um grupo de manifestantes anti-vacinas, que bloquearam a entrada principal. Na altura, pediu ajuda às autoridades mas não a recebeu. Depois de ter gasto de mais de 100 mil euros em segurança, Lisa Kellermayr percebeu que “seria mais barato fechar a clínica”.
“Estivemos em contacto permanente com ela desde novembro e tentámos oferecer proteção. Fizemos tudo o que era possível em relação à segurança, além de investigar [as ameaças]. As investigações continuam”, afirmou um porta-voz da polícia austríaca.