Cientistas da Universidade McGill, em Montreal, no Canadá, encontraram micróbios no permafrost – os solos permanentemente congelados do Ártico Canadiano – a maioria diferente de todos os que já se conheciam e que dão uma boa pista sobre o tipo de formas de vida que poderá ter existido (ou até ainda existir) em Marte, já que estes microrganismos não dependem de material orgânico ou oxigénio para viver – alimentam-se e respiram compostos inorgânicos simples, tal como os que foram detetados em Marte: metano, sulfato, sulfeto, monóxido de carbono e dióxido de carbono.
“Podem também fixar o dióxido de carbono e os gases de azoto da atmosfera, o que os torna altamente adaptados tanto para sobreviver como para prosperar em ambientes muito extremos na Terra e para além dela”, refere Lyle Whyte, do Departamento de Ciências dos Recursos Naturais da Universidade McGill.
Os resultados desta investigação, publicada na Nature, deixaram os investigadores surpreendidos e entusiasmados e amostras dos sedimentos recolhidos já serviram para a Agência Espacial Europeia testar os instrumentos que tenciona enviar na sua próxima missão a Marte para tentar detetar vida no planeta vermelho.
Elisse Magnunson, principal autora do estudo, recorda as dificuldades que a sua equipa enfrentou e que prolongaram por anos a busca por comunidades microbianas ativas. “A salinidade do ambiente interfere tanto na extração como no sequenciamento dos micróbios, pelo que quando conseguimos encontrar provas de comunidades microbianas ativas, foi uma experiência muito gratificante”, congratula-se.