Foi no último domingo, dia 1, que uma equipa de médicos legistas foi chamada à Casa de Repouso Shanghai Xinchangzheng para transportar um corpo de um idoso que tinha, aparentemente, falecido. No momento em que a equipa estava a colocar o saco do cadáver no carro ouviu-se um grito: “Estou vivo!”. Ao abrirem o saco, a equipa percebeu que, afinal, o idoso não estava morto. “Não o tapem de novo”, ouve-se num vídeo.
O momento, filmado e partilhado inúmeras vezes nas redes sociais, está a provocar uma onda de indignação e a gerar preocupações sobre como o sistema médico da cidade está a ficar sobrecarregado.
Já foi aberto um inquérito a seis pessoas por causa do incidente, que já foi confirmado pelo governo do distrito de Putuo. A Comissão de Supervisão de Shangai e a Comissão Central de Inspeção Disciplinar disseram que cinco funcionários, incluindo o diretor da casa de repouso e um médico, foram afastados e colocados sob investigação.
A Casa de Repouso Shanghai Xinchangzheng já apresentou um pedido desculpas. Segundo a imprensa local, o doente tinha sido transferido para o hospital e estava a receber um tratamento.
“E se este incidente não tivesse sido filmado pelos cidadãos de Shangai?” disse um comentador da imprensa local. “As casas de repouso serão os últimos lugares para muitos idosos, especialmente os mais solitários que não têm outra escolha”, disse outro. “Quem ousará agora mandar os seus pais para uma casa de repouso? E quem se atreveria a viver numa casa de repouso com paz de espírito?”
Devido à pandemia, a China tem aplicado uma rigorosa política de tolerância e está a passar por uma onda de surtos de covid-19, atribuídos à variante Ómicron. A cidade, de 25 milhões de habitantes, tem estado sob rigorosas medidas de contenção há cerca de um mês, tendo registado 454 mortes desde o final de fevereiro.
A cidade de Shangai registou, no domingo, 32 mortos por covid-19, elevando o número total de óbitos na China, desde o início da pandemia, para 5092, anunciaram esta segunda-feira as autoridades.