O pequeno Rayan, que caiu esta terça-feira de um poço com 60 metros de profundidade em Ighran, uma cidade situada na província de Chefchaouen, no norte de Marrocos, foi resgatado este sábado pelas equipas de socorro, depois de quatro dias de trabalhos intensos, já sem vida. O menino ficou preso a 32 metros de profundidade e, na última sexta-feira de manhã, o túnel que estava a ser construído paralelamente ao buraco já tinha 27 metros, mas as escavações estavam a ser realizadas de forma cautelosa com o objetivo de se evitar o “colapso do terreno”, referiu Abdelhadi Temnrain à SNRT News.
Depois de serem atingidos os 32 metros de profundidade, a equipa tinha de escavar horizontalmente apenas três metros até conseguir chegar ao menino. Várias dificuldades surgiram durante os trabalhos, não só o risco de deslizamento de terras mas também o facto de as equipas terem encontrado solos rochosos e arenosos.
Durante a tarde deste sábado, e depois de as equipas de socorro terem conseguido chegar a Rayan, os pais foram chamados ao local, de acordo com a televisão pública de Marrocos. O menino foi levado de ambulância quando já passava das 21h30, horas locais, tendo sido resgatado já sem vida, de acordo com informações dadas pela Casa Real Marroquina. Durante a tarde, os media já tinham notificado que o menino apresentava dificuldades a nível respiratório – devido à inalação do seu próprio dióxido de carbono, e danos no cérebro e pulmões, assim como uma lesão na espinal medula.
Centenas de pessoas juntaram-se no local do acidente durante horas ao longo dos últimos dias, à espera que o salvamento fosse realizado -as autoridades pediram, sem sucesso, que a multidão se afastasse do local – e nas redes sociais a hashtag #saveRayan tornou-se uma tendência em todo o país no mundo, com milhares de pessoas a demonstrarem a sua empatia pelo menino e família, e a pedirem que a criança fosse resgatada em segurança. De acordo com o jornal Atalayar, um menino de 12 anos voluntariou-se para descer o poço e tentar resgatar Rayan e até do mundo do futebol vieram as preces, com o jogador do Paris Saint Germain, Achraf Hakimi, a partilhar uma imagem no seu Instagram a referir que esperava que a criança fosse salva em segurança.
Ao fim do dia de sexta-feira, os trabalhos de resgate foram suspensos devido ao perigo de derrocada após um deslizamento de terra, informou o L360. Contudo, reiniciaram pela noite dentro.
O processo de salvamento, que foi acompanhado por uma equipa de topógrafos que estudaram o estado do solo, foi delicado, também porque o diâmetro do poço era inferior a 45 centímetros. Depois de duas tentativas sem sucesso, iniciou-se uma nova operação na quarta-feira. O plano das equipas de resgate não envolveu a descida de uma pessoa através do mesmo buraco: ao lado do poço, foi escavado com cinco restroescavadoras um outro buraco também com 32 metros e, depois, um túnel de apenas três metros em direção à criança. Na última parte da operação, que começou ainda sexta-feira, a escavação foi feita manualmente, sendo que, neste ponto, os trabalhos foram suspensos de 30 em 30 minutos por segurança.
Este sábado de manhã, de acordo com a Efe, o resgate atrasou cerca de três horas devido a uma rocha que dificultou a perfuração do túnel realizado para chegar até Rayan.
A criança foi resgatada cinco dias depois de ter caído enquanto brincava, conta a família. O pai do menino, Khalid Agoram, disse que procurou Rayan durante horas antes de se aperceber que o menino tinha caído ao poço numa propriedade que lhe pertence e que estava a ser arranjada nesse dia, a 1 de fevereiro. “É o meu poço, estava a arranjá-lo e o Rayan estava ao meu lado. Não dei conta. Alertámos as autoridades e todos os vizinhos vieram para nos ajudar”, disse, em declarações ao Le360. Já a mãe do pequeno Rayan, Wassima Kharchich, que falou ao canal marroquino 2M, pediu a “Deus que ele” saísse “daquele poço vivo e em segurança”.
Rayan recebeu, desde o primeiro dia, água e comida, que lhe foram sendo enviadas através de cordas, e foi monitorizado a partir de uma câmara de videovigilância.
