Uma cidade na Guiana Francesa, na América do Sul, abriga um importante centro espacial, administrado em conjunto pela Agência Espacial Europeia (ESA), o Centro Nacional Francês de Estudos Espaciais (CNES) e a empresa Arianespace. Trata-se de Kourou, uma cidade costeira com 19 mil habitantes.
É ali que fica o Centro Espacial da Guiana, uma base de lançamento de satélites em operação desde 1968. Agora, a 25 de dezembro, lançou para o espaço o telescópio espacial James Webb, a bordo do foguetão Ariane 5.
A região foi escolhida pela França para o lançamento dos seus satélites por reunir as condições ideais para a atividade espacial, sendo hoje o Centro Espacial da Guiana um dos mais importantes para a atividade espacial europeia.
“Posso dizer que (o centro espacial europeu) tem uma das melhores localizações do mundo em termos de adequação para lançamentos espaciais”, diz Julio Aprea, um dos gerentes da missão, à BBC News Mundo, o serviço de notícias da BBC em espanhol.
O território é parte de França – o que representa uma vantagem em relação a outros países sul-americanos, pois a língua oficial é o francês e a moeda é o euro.
Além disso, possui outras condições naturais ideais: grande parte do território é coberto por florestas tropicais e escassamente populado, o que representa uma vantagem de segurança em caso de acidentes; e é pouco afetado por ciclones e furacões.
O território também é banhado a norte e leste pelo Oceano Atlântico. No caso de um lançamento de um foguete composto por várias partes, estas soltam-se e acabam por cair no Oceano – reduzindo o risco de caírem em áreas populacionais.
Finalmente, a Guiana Francesa encontra-se a apenas 500 quilómetros da linha do Equador, o que cria o efeito da assistência gravitacional (em inglês, slingshot effect). O termo é usado na engenharia aeroespacial para designar a energia criada pela velocidade de rotação da Terra em torno do eixo dos polos.
Este efeito oferece um impulso inicial ao foguetão no momento da descolagem, permitindo poupar energia, tempo e recursos. Descolar noutras latitudes implicaria um custo acrescido de combustível.
O James Webb, com um custo de 57 mil milhões de dólares, demorou cerca de 30 anos a ser construído, em conjunto pela ESA e a NASA. Descolou do Centro Espacial da Guiana a 25 de dezembro, com o objetivo de captar imagens dos primeiros objetos que se formaram após o Big Bang – olhando assim para eventos que ocorreram há milhares de milhões de anos. O seu destino é uma estação de observação a cerca de 1.5 milhões de quilómetros da Terra. Os cientistas envolvidos esperam também que seja possível analisar potenciais sinais de vida noutros planetas.
A ESA já está a desenvolver o foguetão Ariane 6, o sucessor daquele que transportou o telescópio James Webb, pronto para ser lançado no segundo trimestre de 2022.