As quatro mulheres, Prémio Nobel da Literatura, Olga Tokarcuk (Polónia), Svetlana Alexievich (Bielorrússia), Herta Muller (Alemanha) e Elfried Jellinek (Áustria) enviaram uma carta aberta ao Parlamento Europeu em que assinalam o estado de emergência declarado pelo Executivo polaco.
O documento nota que as atitudes de Varsóvia impedem o acesso dos médicos no auxílio aos doentes assim como impede o trabalho dos meios de comunicação social nas zonas fronteiriças.
“Mesmo assim, as informações parciais dão uma visão das dimensões gigantescas da catástrofe humanitária que está a ocorreu na fronteira da União Europeia”, refere a carta que foi publicada no jornal alemão Frankfurter Allegemeine, entre outros jornais europeus.
As quatro escritoras descrevem a situação que começou com as “promessas” do Presidente da Bielorrússia, Alexander Loukachenko, que “atrai” os refugiados que são depois conduzidos às florestas perto da fronteira da Polónia.
“No local, são conduzidos de forma violenta até à Polónia e as autoridades fronteiriças polacas devolvem-nos também com violência. Os casos mais graves de confronto acabam em mortes. Sabemos os nomes de alguns dos mortos, outros morrem de forma anónima”, acrescenta o texto.
As escritoras europeias pedem para que “os olhares não se afastem da tragédia”.
“Na História da Europa permitimos a ignorância, com demasiada frequência”, referem.
“Fechamos os olhos. Tapamos ou ouvidos. Calamo-nos. A História da Europa mostra que há um conhecimento incómodo que atormenta. A maioria das pessoas não quis permitir (o conhecimento) para proteger a própria comodidade. Hoje repete-se a situação”, adiantam.
As quatro escritoras dizem ainda que encaram a União Europeia como “uma comunidade moral baseada em regras de solidariedade humana”.
“Admitimos que não é fácil fazer frente a uma tempestade de desespero nas fronteiras europeias. Mas, o que estamos a permitir nas nossas fronteiras não se compagina com os nossos valores europeus”, defendem.
“Pedimos para que a crise humanitária seja resolvida o mais rápido possível, assim como o respeito pelas normas da Convenção de Genebra para os Refugiados” e que seja concedido “asilo a todos os que pedem e estão detidos na fronteira da União Europeia”, sublinha a carta aberta.
As escritoras pedem igualmente uma iniciativa diplomática no Médio Oriente para fazer frente à estratégia de Loukachenko.
A União Europeia tem acusado Alexander Lukashenko de ter orquestrado uma onda de migrantes e refugiados, oriundos sobretudo do Médio Oriente, em represália contra as sanções impostas por Bruxelas, na sequência de uma repressão violenta do regime sobre os seus opositores.
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