“Sinto-me muito feliz”, afirmou, em declarações à agência France-Presse (AFP), um participante, identificado como Mai Truman, que viajou de Rehovot, nos subúrbios de Telavive, para “desfrutar” da marcha e apoiar a comunidade LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero e Intersexuais).
“Temos a impressão de que não existe mais corona”, acrescentou o manifestante.
Organizada junto do passeio marítimo de Telavive, a marcha reuniu muitas pessoas que transportavam bandeiras com um arco-íris (que se tornou símbolo do orgulho gay), mas poucas com máscaras de proteção individual, segundo constatou a AFP no local.
A iniciativa acontece poucas horas depois de o Ministério da Saúde israelita ter anunciado que voltava a ser obrigatório o uso de máscara em recintos públicos fechados, devido ao aumento verificado nos últimos dias de novos casos da doença covid-19 naquele país.
Apesar de a marcha ser realizada ao ar livre, as autoridades israelitas também aconselharam os participantes a usarem máscara.
Nos últimos dias, Israel tem vindo a registar um aumento progressivo de novos contágios (na quinta-feira foram 227), situação que não era registada há vários meses e que está a ser associada à entrada no país da variante Delta do SARS-Cov-2, inicialmente detetada na Índia e caracterizada como mais resistente e mais transmissível.
Muitos dos infetados com a nova variante são pessoas que já estavam vacinadas contra a covid-19, o que está a fazer soar os alarmes no país, que se tornou nos primeiros meses do ano um dos líderes mundiais da vacinação contra a doença.
No país, que conta com uma população na ordem dos nove milhões de habitantes, mais de cinco milhões de pessoas foram vacinadas e a pandemia parecia estar controlada.
A marcha do orgulho gay em Telavive é “uma tradição antiga, centrada numa mensagem de igualdade, tolerância, direitos humanos e civis”, afirmou o presidente da Câmara daquela cidade israelita, Ron Huldai.
As autoridades israelitas destacam este tipo de evento como uma forma de promover a imagem de um país que respeita as diferenças, numa região (Médio Oriente) particularmente conservadora em relação à homossexualidade, encarada como tabu, e até proibida, em certos países.
A marcha, que teve a sua primeira edição em Telavive em 1998, também ajuda a estimular o turismo local.
Em 2015, uma marcha do orgulho gay em Jerusalém ficou marcada pelo assassínio de uma adolescente por um judeu ultraortodoxo.
Segundo os organizadores, a marcha de hoje, que se prolonga até ao final do dia, é “a maior manifestação deste género desde o início da pandemia de covid-19”.
O evento, que foi cancelado no ano passado por causa da crise pandémica, reuniu cerca de 250 mil pessoas em 2019, segundo a autarquia de Telavive.
Este ano, a participação na marcha deve ficar abaixo de tais números, uma vez que Israel ainda permanece praticamente fechado para os turistas estrangeiros.
SCA // FPA