Johnson pediu também mais “ambição e determinação” aos países ricos que tiraram benefícios da exploração de recursos com base no carvão desde a Revolução Industrial (fins do século VIII) para que possam ser definidas novas metas na Cimeira do Clima (COP26), que vai decorrer em Glasgow, na Escócia.
O chefe do executivo de Londres falava, por videoconferência, na sessão de abertura do “Diálogo de Petersberg”, um fórum internacional organizado pela Alemanha e destinado a encontrar soluções para combater a crise climática, em que também participaram o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e a chanceler alemã, Angela Merkel.
Johnson, que será o anfitrião da cimeira de Glasgow, lembrou que, antes, os líderes do G7 vão reunir-se em junho na Cornualha (sudoeste da Inglaterra), recordando que a questão das mudanças climáticas estará no centro das discussões.
No entanto, Johnson frisou que, para que a reunião de Glasgow seja bem-sucedida, será necessário que os trabalhos sejam acelerados nos próximos seis meses, “para que não haja um acordo de última hora”.
“Não podemos permitir que a ação sobre as mudanças climáticas seja outra vítima desta trágica pandemia” de covid-19, disse Johnson.
“Se percorrermos esses quilómetros mais difíceis agora, espero que, em novembro, possamos encontrar-nos pessoalmente em Glasgow para acertar os pormenores finais do que deve ser um resultado definidor desta era para o nosso planeta e para as gerações futuras”, realçou Johnson.
A próxima reunião do G-7, na Cornualha, será a primeira em que os líderes das maiores economias do mundo se reunirão pessoalmente desde antes do início da pandemia.
Todos os países do G-7 já estabeleceram metas para reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa para “zero” até, o mais tardar, 2050, tendo a Alemanha afirmado esta semana que antecipará a sua própria meta em cinco anos, até 2045.
Johnson disse esperar que os líderes do G7 se comprometam a “dar o pontapé de saída” para uma “revolução industrial verde” e construir economias “que possam resistir a todos os problemas que as mudanças climáticas venham a criar”.
“Também espero garantir um montante substancial de dinheiro para ajudar todos os países a fazer isso”, afirmou, lamentando que a meta de 100.000 milhões de dólares (cerca de 83.000 milhões de euros) esteja “muito atrasada” e os países ricos precisam de ir ainda mais longe.
Nesse sentido, o primeiro-ministro britânico insistiu no apelo para que os países ricos honrem o compromisso de garantir mais financiamento público para garantir que os países em desenvolvimento possam enfrentar as mudanças climáticas e combater os seus problemas.
Johnson citou o recente compromisso do Reino Unido, que tem estado a fornecer mais ajuda aos países mais vulneráveis para que “superem as tecnologias sujas que alimentaram tanto a industrialização como o aquecimento global”.
“Não hesitaria em puxar as orelhas aos meus colegas do G7 sobre a necessidade de fazerem o mesmo [até à cimeira de Glasgow]. Se tudo o que emergir da COP26 for apenas mais ar quente, então não temos absolutamente nenhuma possibilidade de manter fresco o nosso planeta. Terá de ser uma cimeira de acordos e de ação, não de palavras”, sustentou.
Johnson aludiu aos métodos a serem acordados para apoiar os países em desenvolvimento a cumprirem a meta de reduzir as emissões de dióxido de carbono, depois de, quarta-feira, ter concordado com Merkel sobre a necessidade de aumentar as “contribuições” para fundos dedicados ao “financiamento do clima”.
Embora os recentes apelos, inclusive dos Estados Unidos, tenham reduzido a previsão de aquecimento de longo prazo, os cientistas dizem que as emissões têm de ser diminuídas ainda mais rapidamente para evitar um aumento desastroso nas temperaturas globais.
Os países que assinaram o acordo de Paris de 2015 concordaram em limitar o aumento a dois graus Celsius, idealmente não mais que 1,5 graus Celsius até 2100.
JSD // FPA