Já passa de uma dezena o número de países que optaram pela suspensão da vacina da AstraZeneca, depois de se terem registado alguns “possíveis efeitos secundários”, tanto na Dinamarca como na Noruega, na última semana.
Depois da Áustria, que, segunda-feira passada, anunciou a suspensão da administração de um lote de vacinas produzidas pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, após a morte de uma enfermeira de 49 anos, poucos dias depois de ter recebido a vacina e de terem surgido “sérios problemas de coagulação”, também a Estónia, a Lituânia, a Letónia e o Luxemburgo suspenderam temporariamente o uso das vacinas desse lote, que continha um milhão de doses, enviado para 17 países da Europa.
Mas na quinta-feira a Dinamarca suspendeu a administração geral da vacina da AstraZeneca, depois de “relatos de casos graves de formação de coágulos sanguíneos em pessoas que foram vacinadas”. De acordo com a Reuters, uma pessoa que a recebeu sofreu, posteriormente, sérios problemas de coagulação e embolia pulmonar, acabando por morrer.
Em conferência de imprensa, o diretor-geral de Saúde da Dinamarca, Søren Brostrøm, afirmou que o país não estava a “desistir da vacina da AstraZeneca” e que “há documentação significativa que comprova a eficácia e a segurança da vacina”. “Em conjunto com a agência dinamarquesa do medicamento, temos de responder aos relatos de possíveis efeitos colaterais graves, tanto na Dinamarca como noutros países europeus”, referiu.
No mesmo dia, a Itália suspendeu a utilização de outro lote -o ABV2856, tal como fez, horas depois, a Roménia- e, no domingo, a região de Piemonte, a nordeste da Itália, decidiu suspender a sua administração depois da morte de um homem que tinha sido vacinado. Esta segunda-feira, o país decidiu suspender o uso geral da vacina.
A seguir, a Islândia também decidiu suspender a inoculação da vacina da AstraZeneca, tal como a Noruega, ambas por precaução, depois de relatos de quatro casos de hemorragia sanguínea em adultos vacinados neste país. A Bulgária tomou a mesma decisão na última sexta-feira.
Já a Tailândia atrasou a sua campanha de vacinação, assim como a República Democrática do Congo. Também a Indonésia adiou, esta segunda-feira, o lançamento da sua campanha com esta vacina, tendo o ministro da Saúde do país referido que é preferível esperar por uma deicsão da Organização Mundial de Saúde.
No último sábado, o Instituto Norueguês de Saúde Pública também alertou para casos de hemorragias cutâneas em pessoas mais jovens, que receberam uma dose da vacina, e que podem ser sinal de “uma diminuição no número de plaquetas”, apesar de ainda não ter sido encontrada uma ligação causa-efeito com a vacina.
Na Irlanda, as autoridades de saúde recomendaram, este domingo, a suspensão da inoculação desta vacina como “medida de precaução”, depois dos casos registados na Noruega.
A Holanda seguiu o mesmo caminho, anunciando, também este domingo, que suspenderia a vacina “por precaução”, até 28 de março. “Com base em novas informações, a Autoridade Holandesa do Medicamento aconselhou, como medida de precaução e enquanto se aguarda investigação adicional, a suspensão da administração da vacina da AstraZeneca” contra a covid-19, anunciou o ministério da Saúde holandês em comunicado.
A França também decidiu, esta segunda-feira, suspender a administração da vacina, enquanto aguarda pelos resultados de uma avaliação da Agência Europeia de Medicamentos, que serão divulgados esta terça-feira. A decisão foi anunciada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron.
A Alemanha fê-lo horas antes, anunciando a sua suspensão depois de serem registados novos casos de formação de coágulos em pessoas vacinadas. Espanha acabou por tomar a mesma decisão, tal como o Chipre, que suspendeu, esta segunda-feira, a campanha de imunização contra a covid-19 com a vacina da AstraZeneca.
Em resposta às suspensões decididas até àquele momento, o grupo farmacêutico afirmou, na sexta-feira, que a sua vacina não comporta nenhum “risco agravado” de formação de coágulos sanguíneos. No mesmo dia, a Organização Mundial da Saúde referiu não haver razão para não se utilizar a vacina da AstraZeneca.
Mas enquanto vários países têm optado pela suspensão da utilização desta vacina, a Agência Europeia de Medicamentos garantiu, esta segunda-feira de tarde, numa nota de imprensa, que “os benefícios” da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 “superam os riscos de efeitos secundários”.