Se alguma vez viu uma fotografia dos Sámi, com os seus fatos tradicionais de corres garridas, é provável que tenha sido com várias renas. Não é de estranhar: as renas misturam-se com a cultura deste povo indígena das terras frias do Norte da Europa, mais especificamente da Lapónia.
Também conhecidos como lapões, são um grupo étnico que se estende pela parte norte da Escandinávia e pela península russa de Kola, ocupando quatro países: Noruega, Suécia, Finlândia e Rússia. A população total é estimada em cerca de 80 mil pessoas, metade vive na Noruega.
A sua origem remonta ao século XIX A.C., quando foram encontrados os vestígios mais antigos da sua presença na região do Norte da Suécia. Subsistiam graças à recoleção, à pesca do salmão e à caça de renas selvagens.
No século XVII, com a domesticação das renas, voltaram-se para o pastoreio e começaram a seguir os rebanhos pelos trilhos que se estendem por milhares de quilómetros. Nómadas, habitavam tendas móveis feitas de peles de animais. Os lapões foram gradualmente forçados a ceder terras, primeiro para agricultores a partir da década de 1650 e depois para indústrias como silvicultura e mineração.
Hoje os Sámi vivem em comunidades, dezenas de “aldeias”, que são uniões económicas e administrativas complexas dentro de uma área geográfica específica, onde têm direitos de pesca e caça. Falam vários dialetos sámi distintos, mas calcula-se que apenas metade da população é que os domina. A sua música tradicional é o Yoik.
Por regra, os lapões têm uma casa permanente na comunidade e uma cabana nas montanhas para a temporada de pastoreio. E aqueles que permanecem no negócio do pastoreio das rias há muito substituíram os esquis por veículos para neve e até mesmo helicópteros. Estima-se que já só cerca de 10% dos Sámi suecos ganhem a vida com a indústria de renas, devido a sucessivas disputas com o governo sobre direitos de pastagem, restrições quanto à criação e perda de terras. A maior parte complementa este rendimento com turismo, pesca, artesanato e outros negócios.
A sua história está recheada de contendas e disputas, que os opuseram aos estados e também aos poderosos madeireiros. Foram alvo de preconceitos, racismo e desrespeito pelos seus direitos indígenas. Nas últimas décadas, tem existido por parte dos três países escandinavos um esforço de aproximação a este povo, honrando-se a sua história e recuperando direitos importantes para a sobrevivência das suas tradições. A luta política Sami por maior influência e autonomia começou, de forma organizada, apenas na década de 1950, com o estabelecimento de associações que levaram à criação dos Parlamentos Sámi – em 1973 na Finlândia, em 1989 na Noruega e em 1993 na Suécia – para representar os seus interesses ao nível nacional e internacional.
Today we celebrate Sámi National day! #DYK Norway is home to most Sami in the world? The total population of Sami in Sweden, Finland, Russia&Norway is estimated to approx 80,000. About half of them live in Norway.
— NorwayUN (@NorwayUN) February 6, 2021
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Um claro esforço de esforço de reconciliação está em curso em todos estes países. Recentemente, em 2019, o Parlamento Sami sueco apresentou um pedido formal ao governo para que uma comissão de verdade e reconciliação fosse estabelecida. Em junho de 2020, os Sami receberam 144 mil euros do estado sueco para começar a lançar as bases para uma “comissão da verdade” para dirimir contendas e velhos conflitos.
Apesar de todos os contratempos, a sua resiliência e capacidade de adaptação através dos tempos tem sido notável. E muito graças ao conhecimento que dispõem dos ciclos da natureza, das condições dos pastos e da cristalografia da neve.