Quatro mortos, mais de 50 detidos e vários feridos é o saldo do episódio de caos e violência inesperado que bloqueou os trabalhos do Capitólio, em Washington, nos EUA, esta terça-feira, 6, durante mais de quatro horas – e que muitos não hesitaram em classificar de insurreição e de um ataque à democracia, sem precedentes, motivado por mais um tweet de Trump, a insistir que tinha havido fraude e que não aceitava a derrota eleitoral.
“Vamos marchar até ao capitólio”, incitou, num tweet, ao início da tarde na América – e assim fizeram milhares dos seus apoiantes, invadindo literalmente o local e instaurando o caos. Mike Pence, o vice-presidente, deu logo conta de que rejeitava mudar o resultado e comandou a desmobilização, que só ficaria concluída depois do recolher obrigatório declarado ao fim do dia. Joe Biden, o presidente eleito, instigou Trump a apelar ao fim da mobilização – e este respondeu pouco depois. “Vão para casa”, lá acabou por dizer, mas sempre insistindo que se tratou de uma eleição fraudulenta. E só várias horas é que as autoridades declararam que o edifício estava em segurança.
“Nenhuma violência triunfará”, remataria Pence, no momento em que se retomaram os trabalhos de certificação dos votos do Colégio Eleitoral. De acordo com a CNN, as autoridades também encontraram e desativaram duas bombas caseiras nas proximidades da sede dos secretariados nacionais dos partidos Democrata e Republicano. Já esta manhã, e servindo-se da conta do seu diretor de redes sociais, Dan Scavino – depois de Twitter e Facebook terem anunciado que tinham bloqueado o acesso de Trump às suas plataformas – o presidente cessante escreveu: “Embora discorde totalmente do resultado da eleição, e os factos me deem razão, ainda assim haverá uma transição ordeira a 20 de janeiro”.