Donald Trump, futuro ex-presidente dos EUA, tem a conta mais viral da história do Twitter. Antes de tomar posse em 2016, Trump já tinha lançado 10 mil tweets. Hoje, conta com quase 60 mil. Segundo o Washington Post, o empresário norte-americano passou um total de 9 dias, 17 horas e 36 minutos no Twitter durante os quatro anos da presidência.
Depois das eleições de dia 3 de novembro, que sagraram Joe Biden como futuro Presidente dos EUA, o Twitter de Trump está repleto de dezenas de tweets diários, alega que as eleições foram viciadas e que ele é o verdadeiro vencedor. Esta disseminação de informação falsa tem levado a especulações de que Trump pode ser expulso da rede social quando sair da Casa Branca.
A primeira perda de seguidores em 4 anos
A conta de Twitter do (ainda) Presidente americano viu o seu número de seguidores a aumentar à medida que se aproximava o dia das eleições, tendo atingido o seu pico máximo no dia 10 de novembro, três dias depois de Biden ser confirmado pela comunicação social norte-americana como futuro Presidente dos EUA.
A partir desta data, Trump começou a perder dezenas de milhares de seguidores por dia. Desde 10 de novembro, o Presidente já perdeu mais de 300 mil seguidores no Twitter – algo nunca antes visto nos quatro anos da sua presidência, caracterizada por uma subida constante do número de seguidores, graças a tweets polémicos (com mais de 20 mil mentiras à mistura) e, logicamente, ao facto de ser Presidente dos EUA.
A justificação para este fenómeno de perda de seguidores não é certa. O mais provável é que esta se deva à derrota nas eleições, assim como ao ambiente tóxico criado por Trump na sua conta, onde reclama diariamente com o resultado das mesmas e prolifera todo o tipo de alegacões falsas. Também há quem especule que esta perda se deve à eliminação das contas de bots (utilizadores falsos das redes sociais), como parte de um processo de limpeza geral. Até há quem tenha criado projetos que incentivam os utilizadores a deixar de seguir Trump – foi o caso de Andrew Lazar, que fundou o UnfollowThePres, uma página que contabiliza a perda de seguidores do Presidente.
Migração para o Parler
Quando Biden ultrapassou Trump na contagem de votos, a 6 de novembro, o Presidente não perdeu tempo. Lançou dois vídeos no Twitter: um primeiro, onde falou de “votos ilegais que nos podem roubar as eleições”, e um segundo, em que afirmava que “nós nunca vamos permitir que a corrupção nos roube umas eleições.” Perante a sinalização destes tweets, pelo Twitter, como “contestáveis” e de poderem ter “informações incorretas”, o Presidente não perdeu tempo a afirmar que a rede social estava “fora de controlo.”
Perante este cenário, tornou-se necessário para Trump e os seus aliados procurar um espaço na internet onde podiam partilhar as suas teorias da conspiração sobre as eleições sem qualquer controlo de informação – e o “Parler” mostrava-se ideal para tal. Foi no dia seguinte ao anúncio de Biden como vencedor das eleições presidenciais americanas que o Parler se tornou na aplicação mais descarregada da Apple Store – contou com cerca de 1 milhão de downloads nos cinco dias a seguir às eleições.
Conhecida por ser a nova rede social preferida da reação, o Parler começou a dar nas vistas há poucos meses por estar a ser cada vez mais utilizada por políticos conservadores e de direita, que se queixam da “falta de liberdade de expressão” das redes sociais mais populares, nomeadamente o Twitter e o Facebook. Criada por John Matze, em 2018, no Estados Unidos da América, esta apresenta-se como uma rede social “anti censura”.
Em Portugal, o líder do Chega, André́ Ventura, e a atriz Maria Vieira também já anunciaram a entrada na rede social. A atriz é uma utilizadora regular da rede social, que utiliza para partilhar informações bloqueadas pela Facebook.
Em julho, o Parler contava com 2.8 milhões de utilizadores. Ao longo da semana das eleições americana, o número cresceu para 8 milhões. Outras redes sociais, como o Rumble, Gab e Newsmanx também começara a crescer ao longo dos últimos meses – mas nenhuma destas plataformas se aproxima da popularidade do Twitter, que conta com mais de 330 milhões de utilizadores ativos, ou do Facebook, com 2.7 mil milhões de utilizadores.