Numa declaração feita este domingo de manhã à Sky News, Matt Hancock, ministro da Saúde britânico, referiu que a nova variante do coronavírus identificada na última segunda-feira, no Reino Unido, “estava fora de controlo” e que era preciso intervir com novas medidas. O ministro apelou a todos os que vivem nas áreas de risco de nível 4 que “se comportem como se estivessem infetados” e pediu, ainda, que se realizem viagens estritamente necessárias.
Esta declaração é feita na sequência das críticas às novas medidas anunciadas este sábado pelo primeiro-ministro britânico – que afetam cerca de 18 milhões de pessoas -, devido ao grande aumento do número de casos de covid-19 nas últimas semanas, na região de Londres e Sudeste da Inglaterra. Este crescimento, explicou Boris Johnson, deve-se, em grande parte, à nova variante do coronavírus, 70% mais contagiosa do que a variante conhecida até ao momento, sendo responsável por mais de 60% dos novos casos registados nos últimos dias em Londres.
A partir deste domingo, Londres e o Sudeste da Inglaterra passaram para o nível 4. Todo o comércio não essencial, ginásios e cabeleireiros foram encerrados e as pessoas devem permanecer em casa, não podendo viajar para fora da região em que se encontram. Em relação ao Natal, as pessoas que habitam em áreas de nível 4 não devem passar o Natal com familiares ou amigos fora do seu agregado. Relativamente às outras regiões, só será permitido o encontro com outros familiares no dia de Natal, e não durante os cinco dias anunciados anteriormente.
A redução deste período da “bolha familiar” para apenas o dia de Natal também foi adotada pelo País de Gales e Escócia, embora permaneça na Irlanda do Norte. As viagens entre a Escócia e outros países do Reino Unido foram proibidas.
A Holanda já proibiu, pelo menos até ao Ano Novo, as viagens para o Reino Unido, depois de as autoridades de saúde confirmarem pelo menos um novo caso resultante desta variante.
Na Bélgica, as ligações aéreas e marítimas provenientes do Reino Unido vão ser suspensas. O primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, explicou, numa declaração feita no canal televisivo VRT, que a suspensão será pelo menos de 24 horas, podendo, contudo, ser prolongada. Na Alemanha,estão a considerar implementar a mesma medida, tendo fonte do Ministério da Saúde alemão indicado que o Governo está a encarar “seriamente” a suspensão dos voos provenientes também da África do Sul.
Também a Itália anunciou, este domingo, que os voos com o Reino Unido vão ser suspensos. O chefe da diplomacia italiana, Luigi Di Maio, explicou que existe o “dever de proteger os italianos” e que, por isso, estão “prestes a assinar uma medida com o ministro da Saúde para suspender os voos com a Grã-Bretanha”.
Esta situação obrigou este domingo a uma reunião digital entre a França, Alemanha e União Europeia (UE), de acordo com um comunicado da Presidência francesa. A reunião aconteceu entre Emmanuel Macron, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O Governo irlandês confirmou, entretanto, que vai impor restrições aos voos e ligações de ferry do Reino Unido. Estas novas medidas entram em vigor à meia-noite e vão prolongar-se por 48 horas.
A Áustria também suspendeu este domingo os voos provenientes do Reino Unido, com o objetivo de impedir a entrada no país de uma nova variante mais contagiosa do vírus. A Alemanha vai fazer o mesmo a partir da meia-noite.
O comitê de resposta de crise da UE vai reunir de urgência, de acordo com uma informação divulgada, através do Twitter, por Sebastian Fischer, porta-voz da presidência alemã. O objetivo será “coordenar a resposta à nova variante” do vírus.
Os EUA mostraram-se, ainda, despreocupados relativamente a esta nova estirpe. Em delcarações à ABC News, o secretário-assistente para a Saúde dos Estados Unidos referiu ainda não haver “motivo para alarme”.
Ao início da noite, os ministérios da Administração Interna e da Saúde anunciaram a adoção de restrições à entrada em Portugal de passageiros de voos provenientes do Reino Unido. Esta passa, agora, a ser permitida apenas a cidadãos nacionais ou legalmente residentes no País.
Até agora, as medidas anunciadas este sábado estão definidas para as próximas duas semanas, mas Matt Hancock admitiu que poderão prolongar-se até que a vacina esteja disponível para toda a população. “Tendo em conta a velocidade a que esta nova variante se propaga, vai ser muito difícil mantê-la sob controlo até que a vacinação se desenrole”, explicou o ministro da Saúde.