O feito foi anunciado no fim de semana: segundo as autoridades chinesas, está já em funcionamento o reator construído para gerar energia por fusão nuclear. O equipamento chamado HL-2M Tokamak está localizado na cidade de Chengdu, província de Sichuan, no sudoeste da China – e é conhecido como “sol artificial” porque consegue atingir temperaturas da ordem dos 150 milhões de graus. Para se ter uma ordem de comparação, o núcleo do Sol alcança “apenas” os 15 mil º C.
E este não é apenas um detalhe de todo o processo. Afinal, as altas temperaturas geradas por este “sol artificial” são fundamentais para atingir a fusão nuclear, processo tido como uma das melhores formas de produzir energia limpa e praticamente inesgotável. Acontece no momento em que dois átomos leves se unem para formar um núcleo mais pesado – e isso que acontece neste Tokamak. A cada reação de fusão, é libertada uma grande quantidade de energia, tal e qual acontece no sol e nas outras estrelas, onde a cada segundo ocorrem milhões de reações semelhante
A ideia agora é usar um gás de hidrogénio, aquecê-lo a mais de 100 milhões de graus até se formar uma espécie nuvem fina e frágil, que é depois conduzida com a ajuda de imanes até que os átomos se fundam e libertem energia como esperado. É um processo que liberta baixas quantidades de carbono e poucos resíduos, razão pela qual a fusão nuclear é considerada uma forma eficiente de proteger o meio ambiente.
Os mais entusiastas deste tipo de energia consideram mesmo que é a melhor forma de deixar para trás o uso de combustíveis fósseis, os principais culpados pelas alterações climáticas. Atualmente a energia nuclear é produzida por processos de fissão, método contrário à fusão em que um núcleo pesado é dividido para produzir outros mais leves – o que o torna menos eficiente e mais perigoso, porque produz igualmente o chamado lixo radioativo.
Há muito que a China tem exaltado seu programa de energia por fusão nuclear, e já fez saber que pretende usá-la comercialmente em 2050. O funcionamento desta plataforma revela ainda como pode um país absorver a tecnologia do ITER, a maior experiência de fusão nuclear do mundo – e que está a ser desenvolvida em França, com o apoio da União Europeia, Estados Unidos, Índia, Japão, Coreia do Sul, Rússia e China. O seu objetivo é construir, até 2025, um equipamento que possa 500 MW de energia – algo suficiente para abastecer cerca de 200 mil residências ao mesmo tempo.