O Instituto para o Diálogo Estratégico (Institute for Strategic Dialogue – ISD), sediado no Reino Unido, publicou, esta segunda-feira, um relatório que analisa como os algoritmos das redes sociais promovem os ideais de negação do Holocausto.
Das várias redes sociais analisadas, o documento realça a plataforma Facebook, que “promove ativamente” conteúdos deste cariz. Assim, ao escrever “Holocausto” na área de pesquisa do Facebook, o algoritmo apresenta ao utilizador sugestões de páginas de movimentos que negam o Holocausto, que por sua vez recomendam links para artigos e literatura do mesmo cariz, bem como páginas dedicadas ao reconhecido negacionista do Holocausto David Irving.
“Embora seja apenas um pequeno estudo de caso em torno da negação do Holocausto, este artigo fornece um panorama de como este conteúdo pode ser encontrado em quatro plataformas”, escrevem os autores.”Especificamente, o relatório destaca como o Facebook, que não está disposto a reconhecer a negação do Holocausto como uma forma de discurso de ódio contra os judeus, tem uma pequena mas bem estabelecida e ideologicamente diversa comunidade de opositores do Holocausto na plataforma”.
“Nós descobrimos que o Twitter também contém um nível pequeno, mas persistente, de conversas que negam o Holocausto”, continuam os autores. O mesmo acontece com o Youtube. “A pesquisa destaca como o YouTube, que reconheceu a negação de eventos violentos bem documentados como uma forma de discurso de ódio, foi eficaz em limitar a partilha de tal conteúdo na sua plataforma depois de terem banido os posts que negam o Holocausto”.
“As implicações de um projeto de política semelhante no Reddit também são notáveis: enquanto potencialmente menos eficaz na remoção de partes específicas do conteúdo de negação do Holocausto na plataforma, a política a nível de comunidade para espaços de quarentena dedicados a esse tipo de conteúdo parece ter sido eficaz em diminuir o conteúdo de negação do Holocausto para novos utilizadores, ao ponto de agora não ser facilmente detetável”.
Os autores identificaram 2 300 conteúdos no Reddit, onde é mencionando “Holohoax” – uma expressão frequentemente usado pelos que negam que o Holocausto aconteceu -, 19 000 artigos no Twitter e 9 500 conteúdos no YouTube, todas criadas nos últimos dois anos. Entre as 20 mensagens mais partilhadas no Twitter que usavam a frase “Holohoax”, 14 continham negação explícita do Holocausto.
“As nossas descobertas mostram que as ações realizadas pelas plataformas podem efetivamente reduzir o volume e a visibilidade desse tipo de conteúdo anti-semita”, acreditam os autores.
“Retiramos qualquer publicação que celebre, defenda ou tente justificar o Holocausto. O mesmo é válido para qualquer conteúdo que goze com as vítimas do Holocausto, acuse as vítimas de mentir, espalhe ódio ou defenda a violência contra o povo judeu de qualquer forma”, disse um porta-voz do Facebook segundo o The Guardian. “Também removemos grupos e páginas que discutem a negação do Holocausto de recomendações e referências de pesquisa. Embora não retiremos conteúdo simplesmente por ser falso, muitas publicações que negam o Holocausto frequentemente violam as nossas políticas contra o discurso de ódio e são removidas”.
“Em países onde é ilegal, como Alemanha, França e Polónia, este conteúdo não é permitido de acordo com a lei. Encontrar o equilíbrio certo entre manter as pessoas seguras e permitir a liberdade de expressão é difícil e sabemos que muitas pessoas discordam veementemente da nossa posição. Estamos constantemente desenvolvendo e a rever as nossas políticas e consultoria com as organizações de todo o mundo para garantir que estamos fazendo tudo certo”, conclui.
A rede social Instagram não foi analisada.