As fotografias foram tiradas pela empresa de satélites Black Sky e revelam bem os danos extensos que ocorreram no porto após da explosão das quase três mil toneladas de nitrato de amónio, ali esquecidas num armazém há seis anos. Comparando uma e outra é visível que vários armazéns foram literalmente obliterados, ao mesmo tempo que um navio de cruzeiro chamado Orient Queen foi empurrado para o lado oposto.
“É possível ver como toda a estrutura dos armazéns no porto ficou ao nível do chão”, detalha Allison Puccioni, analista e fundadora da Armillary Services, uma empresa independente parceira da BlackSky. “Até as fundações e as colunas de suporte acabaram por desabar.”
Na imagem, também se podem ver os destroços a cobrir a principal estrada de acesso ao local – danos que se estendem pelo menos ao longo de um quilómetro. Mais de 12 horas depois da explosão, ainda havia uma enorme nuvem de fumo e detritos a subir do local. Imagens tiradas mais tarde pela empresa Maxar já mostram o principal incêndio extinto.
Forte como um terramoto
Sabe-se ainda que a explosão foi tão grande que o U.S. Geological Survey, instituição científica americana que se dedica ao estudo dos recursos naturais, registou-a como um terramoto de magnitude 3,3. Vários outros relatórios sugerem que a onda de choque viajou vários quilómetros desde o local, o que levou muitos a temerem que pudesse ter sido de origem nuclear. O rumor foi rapidamente desmentido, mas cálculos preliminares mostram que a explosão pode ter sido na ordem das 0,2 a 0,6 quilotoneladas. Em comparação, a bomba atómica lançada sobre Hiroshima há 75 anos era de 15 quilotoneladas.
A extensão total dos danos é difícil de avaliar a partir do espaço, remata Puccioni, ainda assim muito surpreendida com o tamanho da explosão. “Nunca tinha visto nada parecido”.