Donald Trump tem sobrevivido a revelação após revelação, nos últimos três anos, mas agora “enfrenta a acusação mais séria na sua carreira política, no momento em que está a ser julgado no Senado”, escreve o New York Times.
O jornal norte-americano revela que John Bolton, conselheiro de Segurança Nacional de Donald Trump até setembro do ano passado (data em que se demitiu), está a escrever um livro onde revela que o presidente fez depender a ajuda militar à Ucrânia de uma investigação aos Biden.
Esta é a questão central no processo de destituição movido contra Donal Trump, o que já levou os Democratas a voltarem a exigir que Bolton possa testemunhar no Senado – esses pedidos têm sido sempre negados pela Casa Branca.
Nancy Pelosi, líder democrata na Câmara dos Representantes, disse que a recusa dos republicanos em ouvir Bolton e outras testemunhas é agora “ainda mais indefensável”. A escolha, diz, é clara: ou respeitam a Constituição ou pactuam com um “encobrimento”.
É preciso uma maioria simples (51 senadores em 100) para que a audição de testemunhas possa ser aprovada, mesmo que a Casa Branca não o aceite. Os republicanos têm uma maioria de 53 deputados, pelo que seria necessário que pelo menos quatro senadores “virassem as costas” ao seu presidente. Esta questão será central nas sessões dos próximos dias, no Senado.
Donald Trump continua a negar todas as acusações. “Eu NUNCA disse a John Bolton que a ajuda à Ucrânia estava ligada às investigações aos democratas, incluindo os Biden. Na verdade, ele nunca se queixou disto na altura da sua ‘muito’ pública demissão. Se John Bolton disse isto, foi apenas para vender um livro”, escreveu no Twitter.
O New York Times revela que o manuscrito de John Bolton foi entregue há dias na Casa Branca para uma espécie de “censura prévia” que os ex-funcionários são agora obrigados a respeitar quando querem publicar livros sobre as funções públicas que desempenharam.
O jornal teve acesso a esse documento, onde se lê claramente que “Trump queria congelar 391 milhões de dólares em ajuda à Ucrânia até os responsáveis de Kiev o ajudarem com a investigação ao seu rival democrata, Joe Biden”.
Os primeiros três dias do processo de destituição, que se iniciou a 22 de janeiro, foram passados a tentar provar que Trump reteve ajuda militar para pressionar o seu homólogo ucraniano a abrir uma investigação a Biden e ao seu filho, que pertenceu à administração de uma empresa de gás ucraniana.
John Bolton confirmou ao New York Times que está disponível para testemunhar, se for intimado.