A semana começou com chuva e as temperaturas baixaram, o que deu algum descanso aos bombeiros. Mas a água que caiu do céu está longe de ser suficiente para apagar um país em chamas. Seria preciso mais quantidade, em contínuo e numa área maior.
O responsável pela Autoridade para os Fogos, da Austrália, Gavin Freeman, disse à cadeia televisiva ABC que a chuva das últimas 24 horas tinha por um lado “acalmado e atrasado” o fogo, evitando o seu progresso. Mas por outro, a água acaba por ter um efeito negativo, ao tornar os caminhos de acesso mais escorregadios, o que dificulta a manobra dos veículos de combate às chamas. E tendo em conta a previsão meteorológica, que aponta para um aumento da temperatura já na próxima sexta-feira, com o termómetro a voltar a ultrapassar os 40 graus, o mais provável é que o fogo cresça novamente.
Uma opinião também partilhada pelo perito em incêndios Thomas Duff que sublinhou que uma pequena quantidade de chuva pode ser prejudicial, ao resultar em incêndios irregulares ao longo da frente de controle do fogo. “A existência de zonas não queimadas, dentro das linhas de controle, é na realidade bastante perigoso porque estas podem ser uma fonte de novos fogos quando a atmosfera ficar mais seca”, especificou.
Para que um fogo aconteça, são necessários três elementos: oxigénio, material combustível e temperatura, ou ignição, naquele que é chamado o triângulo do fogo. O que tem sido feito pelos bombeiros é, sobretudo, tentar travar o avanço das chamas ao criar caminhos sem árvores que funcionem como corta-fogo. O papel da água é provocar uma diminuição da temperatura e dificultar a queima da madeira.
Infelizmente, tem-se vindo a perceber que a parte da ignição tem mão humana, com pelo menos 24 pessoas já acusadas de ter começado esta devastadora vaga de incêndios florestais, com consequências sem precedentes. Os números continuam a subir todos os dias, com o balanço atual a atingir a chegar às 25 vítimas humanas, destruição de quase dois mil lares e morte de pelo menos 500 milhões de animais, entre eles algumas espécies endémicas do país e em risco como é o caso dos emblemáticos coalas.
Os especialistas estimam que o país-continente continuará a arder ao longo de todo o verão do Hemisfério Sul.