O anúncio foi feito na passada sexta-feira, já a decisão estava tomada e o Congresso fintado: o governo norte-americano aprovou a venda de armas no valor de 8 mil milhões de dólares à Arábia Saudita, numa altura em que os congressistas americanos levantam a voz contra as políticas daquele país do médio-oriente. O armamento tem como objetivo último chegar aos Emirados Árabes Unidos e à Jordânia, referia a imprensa internacional citando fontes oficiais da administração Trump. Já em 2017 o governo republicano tinha celebrado contratos no valor de 110 mil milhões de dólares com a Arábia Saudita, para venda de armas.
O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, fez saber que o presidente da nação mais poderosa do mundo tinha utilizado um procedimento de emergência para desbloquear os 22 contratos de armamento que foram assinados, de forma a evitar um mais que provável veto no Congresso. Depois do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em Istambul, na embaixada da Arábia Saudita, os congressistas têm-se mostrado contra as políticas de Riad. Esta venda de armas vem agravar os receios de que os EUA continuem a financiar a guerra civil do Iémen, onde desde 2015 os sauditas têm estado a combater os rebeldes huties, apoiados pelo governo de Teerão, um inimigo tanto da Arábia Saudita quanto de Washington.
A decisão de apoiar a Arábia Saudita não é, no entanto, do governo de Trump, remontando ainda à administração Obama. Apesar de entretanto se terem levantado vozes de oposição, a verdade é que entre 2009 e 2016 foram celebrados 42 contratos, no valor global de 115 mil milhões de dólares, que envolviam Washington e a Arábia Saudita. Um relatório divulgado em 2016 pela Reuters dava conta de que um arsenal significativo, contendo desde pequenas armas até mísseis de longo alcance, teriam sido vendidos aos sauditas.
A guerra civil no Iémen é, desde o seu início, amplamente criticada pelas organizações de Direitos Humanos, numa altura em que não são apenas os números de mortos e de feridos que continuam a aumentar: há milhões de pessoas a sofrer de desnutrição num país que não conhece a paz há anos. No entanto, há poucas esperanças de que os conflitos cheguem a um fim e teme-se uma nova escalada da tensão naquela região do globo, muito por influência de algumas nações ocidentais, o que coloca em risco mihões de civis.
Recorde-se que já no início de maio o governo de Emmanuel Macron admitiu vender armas à Arábia Saudita, tendo na altura o presidente francês garantido que o armamento não chegaria ao Iémen – uma garantia que os críticos afirmam que ele não dar.
Em comunicado, o norte-americano Pompeo justificava estes últimos contratos referindo que o armamento servirá de apoio aos seus “aliados, aumentará a estabilidade no Médio Oriente e ajudarão essas nações a dissuadir e a defender-se perante a República do Irão”. Na mesma ocasião, o responsável referiria que foram, aliás, as “atividades malignas do Irão” que obrigaram “à venda imediata” do armamento.