A Fundação Gonçalo da Silveira (FGS), fundada pela Companhia de Jesus em 2004, acompanha há vários anos três comunidades da região de Nhangau, que faz parte do município da Beira. Em entrevista à Visão, Teresa Paiva Couceiro explica que já lançou uma campanha de recolha de donativos, mas ainda não conseguiuter “olhos no terreno”. As comunicações têm estado cortadas devido à queda das antenas, e para já, o único contacto que tem sido possível é com a comunidade de Jesuítas que está presente no Zimbabué, ali ao lado. “Sabemos que os Jesuítas de Tete estão bem, mas não conseguimos saber se as nossas comunidades estão, sequer, vivas”, lamenta a responsável. São cerca de cinco mil pessoas que recebem apoios da FGS, sobretudo educativos e de formação por uma agricultura mais sustentada e rentável.
Por essa razão, a FGS nã está a recolher bens materiais nesta fase – “não temos forma de os fazer chegar lá, os acessos à região são muito complicados e, felizmente, há já várias organizações internacionais no terreno – mas apenas doações monetárias. O objetivo é “fazer um levantamento para depois direcionar o dinheiro para a reconstrução de casas, de escolas, da capacitação de pessoas que ajudem no terreno. Diria que começaremos a trabalhar nisto daqui a 3 semanas, se tudo correr bem”, acrescentou. No início da próxima semana deverá chegar à região uma pessoa “que será os nossos olhos no terreno” e a partir daí começam a traçar-se planos mais concretos de ajuda.
“Lembro-me de viagens que fiz para Nhangau em que a água me chegava aos joelhos, e nem estava mau tempo. Estas comunidades estão muito isoladas, as infraestruturas são fraquíssimas e esta tragédia pôs a descoberto, também, a forma como foram feitas as obras realizadas nos últimos anos: estradas que se partiram, pontes que caíram…É uma tragédia”, repete.
Para esta responsável, que trabalha com Moçambique há cerca de quinze anos, o futuro não é risonho: “diria que vão ser precisos cinco a seis anos para que a região consiga voltar a ter o mínimo. Não é voltar ao que era, é voltar a ter o mínimo”, lamenta. “Vai ser, verdadeiramente, um recomeçar de tudo. Que isto seja uma oportunidade para se pensar de raíz numa reconstrução que tenha as pessoas no centro” para evitar novas tragédias desta dimensão, pede ainda.
Para além da ação conjunta com a Rede Europeia dos Jesuítas, a Rede Xavier, em Portugal a FGS está em contacto com as ONGD Fundação Fé e Cooperação (FEC) e VIDA no sentido de concertar uma possível intervenção concertada na Beira.