Foram 250 mil dólares em material que a ONU, através do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD), doou ao Instituto Nacional para a Gestão de Catástrofes (INGC). A oferta de equipamento tinha como objetivo melhorar a avaliação dos riscos a que o território moçambicano está exposto. Menos de um mês depois, o país seria atingido por aquela que já é considerada uma das maiores tempestades do hemisfério sul, com perdas humanas e materiais que ainda são incontáveis. O presidente moçambicano Filipe Nyusi acredita mesmo que pode haver mais de mil mortos, numa altura em que os dados oficiais apontam para 84 óbitos.
Na cerimónia da entrega do equipamento ao INGC, Martim Faria e Maya, Representante Residente do PNUD, afirmou: “Acreditamos que os equipamentos e ferramentas que estamos a entregar hoje terão um papel fundamental no fortalecimento da capacidade do INGC para melhorar a avaliação local e análise dos riscos climáticos aos quais o país está exposto”, lê-se no site do PNUD. “Como este equipamento fornecerá ao INGC as capacidades tecnológicas necessárias para receber, processar e interpretar dados geoespaciais, acreditamos que isso se traduzirá em informações que permitam a tomada de decisões em tempo útil”, afirmava aquele responsável.
A Directora Geral do INGC, Augusta Maita, congratulava-se na ocasião pelo facto de as mortes causadas por desastres naturais estarem a diminuir ao longo dos anos, apesar do facto de Moçambique enfrentar “cheias cíclicas e intensas, ciclones e seca”. “O apoio e a parceria estratégica com o PNUDe com a família humanitária mais ampla tem sido crucial para o sucesso do projeto e da implementação de planos de emergência de contingência que salvaram vidas.”
Segundo o mesmo site oficial, o sistema que foi entregue ao INGC permitia “aumentar a capacidade de coleta de dados em cada uma das 11 províncias, além de melhorar o sistema de notificação prévia e fluxo de informações entre os níveis local e central, bem como monitorar o risco de desastres”.
Na ocasião, o INGC anunciou ainda os planos para o desenvolvimento e implementação de um Plano Nacional de Contingência assente nas previsões meteorológicas regionais e nacionais. Apesar dos esforços, não terá sido possível evitar a catástrofe que se abateu sobre a região norte de Moçambique e que provocou cheias que não dão sinais de abrandar.
Para já, a situação mais grave está circunscrita ao centro do país, mas é possível que a chuva contínua cause estragos também mais a sul, apontam as previsões meteorológicas. Até esta terça-feira, a situação ainda estava controlada em regiões como Inhambane, a cerca de 300 quilómetros de Maputo. Fonte da Direção de Estradas daquela região disse à VISÃO que “está tudo controlado até agora, apenas com chuvas pequenas o que não tem causado estragos, por enquanto”. No entanto, realçou, “o tempo pode ditar outras coisas”.
A União Europeia já anunciou a libertação de 3,5 milhões de euros para ajudar as áreas afetadas pelo ciclone Idai (Moçambique, Maláui e Zimbabué), sendo que, dessa verba, 2 milhões serão alocados ao território moçambicano.
Para já, apesar de haver registos de perdas materiais por parte de cidadãos portugueses, não há perdas humanas a registar, segundo informou a embaixadora de Portugal em Moçambique, Maria Amélia Paiva, ouvida pela TSF.