Na terça-feira à noite, Donald Trump deslocou-se ao Congresso norte-americano e no início do discurso, adiado desde 22 de janeiro devido ao mais longo ‘shutdown’ [paralisação da administração] da história do país, pediu um compromisso entre democratas e republicanos para trabalharem para o bem comum.
“Devemos rejeitar as políticas de vingança e retaliação, e abraçar o potencial ilimitado de cooperação, compromisso e bem comum”, sublinhou Donald Trump, na primeira parte do discurso que durou quase uma hora e 20 minutos.
O país deve ser “governado não como dois partidos, mas como uma nação”, sublinhou, referindo-se depois, de forma indireta, às investigações pedidas pelos democratas à sua administração e finanças pessoais, apelidando-as de “ridículas investigações partidárias” que podem vir a travar o progresso económico.
O Presidente dos Estados Unidos pediu de seguida aos responsáveis políticos do país para trabalharem juntos para resolverem os problemas da imigração ilegal nos EUA, reiterando que apenas um muro na fronteira com o México garantirá a segurança.
Trump avisou que o Congresso “tem dez dias para aprovar um projeto de lei” para financiar o Governo e garantir a proteção da “perigosa fronteira sul”, uma tarefa que não se adivinha nada fácil visto que o impasse que envolve o Presidente e a maioria democrata na Câmara dos Representantes está longe de ter terminado, já que Trump está preparado para um novo ‘shutdown’, se o Congresso não autorizar a construção do muro na fronteira.
Os democratas recusaram aprovar um financiamento de 5,7 mil milhões de dólares (cinco mil milhões de euros), que Trump reclamava para construir um muro na fronteira com o México, tendo sido esta a razão do ‘shutdown’ [paralisação da administração norte-americana].
Para que o discurso do Estado da União pudesse acontecer o Presidente norte-americano assinou uma legislação que permite o financiamento das estruturas governamentais até 15 de fevereiro, permitindo a reabertura após um ‘shutdown’ de 35 dias.
Perante os congressistas, agora que os democratas têm, depois das eleições intercalares de novembro, a maioria na Câmara dos Representantes, Donald Trump anunciou que vai reunir-se, a 27 e 28 de fevereiro, no Vietname, com o líder da Coreia do Norte, Kim Jung-un, para a segunda cimeira entre os dois líderes, depois do histórico encontro em 12 de junho passado, em Singapura.
“Como parte da nossa ousada diplomacia, estamos a dar continuidade ao nosso esforço histórico pela paz na península coreana”, disse Donald Trump, antes de anunciar a data e o local da segunda cimeira com Kim Jong-un.
Ainda no plano internacional, Trump advertiu a China para não “roubar mais empregos e riqueza aos norte-americanos” e exigiu “mudanças estruturais” a Pequim nas práticas comerciais e afirmou que tenciona negociar um novo acordo nuclear com a Rússia e talvez com a China.
A afirmação do Presidente dos EUA vem na sequência do anúncio da retirada do país, na sexta-feira, do Tratado sobre Armas Nucleares de Alcance Intermédio (INF), responsabilizando a Rússia por violar o acordo concluído em 1987 durante a Guerra Fria.
Durante o discurso, Trump defendeu ainda as sanções impostas ao Irão e a decisão de se desvincular do tratado nuclear com o país, que acusou de ser “o principal patrocinador estatal do terrorismo”.
Em relação à guerra da Síria e no Afeganistão, o Presidente norte-americano referiu que as “grandes nações não travam guerras intermináveis” e que no caso do Afeganistão “chegou a hora” de tentar a paz.
O discurso do Estado da União decorre da obrigação que a Constituição dos EUA impõe ao Presidente para que preste “regularmente ao Congresso informações sobre o Estado da União”.