“Levantemos a mão: Hoje, 23 de janeiro, na minha condição de presidente da Assembleia Nacional e perante Deus todo-poderoso e a Constituição, juro assumir as competências do executivo nacional, como Presidente Encarregado da Venezuela, para conseguir o fim da usurpação [da Presidência da República], um Governo de transição e eleições livres”, declarou Guaidó, esta tarde, perante milhares de apoiantes nas ruas da capital, Caracas.
Para Juan Guaidó, “não se trata de fazer nada paralelo”, já que tem “o apoio da gente nas ruas”.
O engenheiro mecânico de 35 anos tornou-se rapidamente o rosto da oposição venezuelana ao assumir, em 03 de janeiro, a presidência da Assembleia Nacional, única instituição à margem do regime vigente no país.
Nicolás Maduro iniciou em 10 de janeiro o seu segundo mandato de seis anos como Presidente da Venezuela, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade não foi reconhecida nem pela oposição, nem pela comunidade internacional e a sua reação ao ato de desafio de Guaidó foi feito a partir do Palácio de Miraflores, sede da Presidência venezuelana, rodeado por apoiantes.
Na ótica do Presidente venezuelano, os órgãos da justiça do país devem “atuar de acordo com a lei”, após a autoproclamação de Guaidó como Presidente interino.
“Compete aos órgãos de justiça atuar de acordo com a lei e os códigos da Venezuela, já que cabe à justiça preservar o Estado, a ordem democrática e a lei venezuelana”, disse Maduro.
“Pode autoproclamar-se qualquer um como presidente? Ou é o povo venezuelano que elege o seu presidente?”, perguntou Maduro aos seus seguidores.
Os Estados Unidos, o Canadá, a Organização dos Estados Americanos (OEA), o Brasil, a Colômbia, o Peru, o Paraguai, o Equador, o Chile e a Costa Rica também já reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.
Até agora, só o México e a Bolívia anunciaram que se mantêm ao lado de Nicolás Maduro.
A decisão de os Estados Unidos apoiarem Guaidó levou a que Maduro ordenasse a que todos os diplomatas norte-americanos abandonassem o país nas próximas 72 horas.
“Decidi romper as relações diplomáticas e políticas com o governo imperialista dos Estados Unidos”, disse Nicolás Maduro, num anúncio feito no Palácio de Miraflores.
Centenas de milhares de venezuelanos manifestaram-se hoje nos 23 Estados do país contra a Presidência de Nicolas Maduro, numa mobilização convocada pelo presidente do Parlamento que prometeu novas eleições e considerou “ilegítimo” o atual governo.
Em Portugal, várias dezenas de pessoas concentraram-se no Terreiro do Paço, em Lisboa, e na praça da Liberdade, no Porto, para apoiar Juan Guaidó e exigindo mudanças na Venezuela.
O Governo de Portugal pediu que seja respeitada a legitimidade da Assembleia Nacional da Venezuela e o direito à manifestação pacífica, depois de o líder do parlamento, o opositor Juan Guaidó, se ter autoproclamado Presidente interino.
“Apelamos a que não haja violência na Venezuela, que seja respeitada a legitimidade da Assembleia Nacional e que seja também respeitado o direito das pessoas a manifestarem-se pacificamente”, lê-se numa mensagem divulgada na conta oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros português na plataforma social Twitter.
“Acompanhamos minuto a minuto a evolução da situação na Venezuela. A nossa preocupação principal é a segurança da comunidade portuguesa. Estamos também em contacto permanente com os nossos parceiros mais próximos, designadamente na União Europeia”, afirma-se numa mensagem colocada minutos antes na mesma conta.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse esperar que a União Europeia (UE) fique “unida” a apoiar “as forças democráticas” na Venezuela, após o opositor Juan Guaidó se ter autoproclamado Presidente interino do país.
“Espero que toda a Europa se una para apoiar as forças democráticas na Venezuela”, afirmou Donald Tusk no Twitter.
Também o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, reconheceu “legitimidade democrática” ao opositor venezuelano Juan Guaidó, que se autoproclamou Presidente interino do país, denunciando os “abusos” de Nicolás Maduro que fizeram aquele povo “passar fome e sofrer”.
“Sigo com atenção os acontecimentos na Venezuela. Contrariamente a [Nicolás] Maduro, Guaidó tem legitimidade democrática”, vincou Antonio Tajani numa reação publicada na sua conta oficial no Twitter.
A Venezuela enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.
Esta crise num país outrora rico, graças às suas reservas de petróleo, está a provocar carências alimentares e de medicamentos.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a inflação deverá atingir 10.000.000% em 2019.
com Lusa