Fugiram de El Salvador, porque tinham um gangue à perna para os matar. Do gangue faz parte o irmão de Orlinda, que foi detido pelo homicídio de duas pessoas: Orlinda ajudou a polícia, o gangue não perdoa. A fuga para os Estados Unidos pareceu a única saída possível e foi assim que Orlinda e Juan se viram na enorme caravana de migrantes com a esperança de passar a fronteira e deixar o México para trás. No caminho, nasceu Juana, agora a caminho dos três meses.
Quando o repórter da Sky News que relata a sua história os conheceu, num acampamento improvisado, a bebé tinha uma tosse ligeira. Três dias depois, Juana está ligada a uma máquina que lhe assiste a respiração e a um monitor que vigia os sinais vitais.
A mãe dorme no chão, a seu lado, dividida entre a extrema preocupação, a esperança e o alívio por terem chegado, finalmente, a Tijuana, depois de milhares de quilómetros de caminhada.

Fotografia captada pelo pai de Juana e cedida à Sky News
As condições no acampamento improvisado num campo de basebol onde os pais de Juana têm os seus poucos pertences deterioram-se de dia para dia com mais um influxo de migrantes e as autoridades a estimarem que, em breve, estarão ali mais de 10 mil pessoas.
Metade dos migrantes que caminham em direção a norte são crianças e, enquanto acampanhava Juan à tenda, na noite antes do internamento da filha, a Sky News pode comprovar o som constante e vindo de todos os lados de crianças a tossir.
Os médicos que estão a dar assistência ao local avisam que a situação pode tornar-se rapidamente muito grave, com a sobrelotação dos acampamentos. “Tenho visto muitas pessoas, não admira, com infeções respiratórias superiores, o que acontece em ambientes fechados”, explica Allen Keller, um médico de Nova Iorque que se voluntariou para prestar assistência aos migrantes.
Sem qualquer certeza sobre o futuro – a entrada nos EUA parece cada vez mais difícil – o que parece mais certo é que, nestas condições de sobrelotação, Juana seja apenas uma das primeiras crianças a necessitar de cuidados hospitalares. “A viagem é dura, mas apanhavam ar puro e acho que agora que estão todos apertados, é que as coisas se tornam assustadoras”, concluiu o médico.