A marcha começou dia 13, em San Pedro Sula, nas Honduras. Cerca de mil hondurenhos resolveram abandonar o país em direção aos EUA. Em grupos, e recorrendo ao passa palavra, a massa humana rapidamente aumentou.
Aos migrantes das Honduras, juntaram-se outros de El Salvador e da Guatemala. Hoje são cerca de sete mil, segundo as autoridades, os que formam uma enorme caravana humana. Já passaram a Guatemala e estão agora na fronteira com o México. E, dizem um uníssono, não vão voltar para trás.
Fogem da violência, da pobreza, da fome e da falta de trabalho.
Levam dez dias de caminhada com muitas dificuldades pelo meio, mas não desistem de chegar à fronteira americana.
Donald Trump já ameaçou os países de origem destes migrantes com retaliações económicas e, nos últimos dias, tem pressionado as autoridades mexicanas para que não deixem passar a caravana. Classificou, no twitter, como “emergência nacional” o que se passa e lançou farpas aos democratas e às leis de imigração que fizeram, prometendo alterá-las.
Na rua, não faltam palavras de ordem. “Ajudem-nos! Não nos mandem de volta!”
Caminham em massa, assim protegidos das investidas dos gangues que fazem dinheiro à custa da imigração ilegal, mas, também, da polícia. Têm medo de ser deportados e, por isso, é melhor seguir caminho assim.
Pessoas de todas as idades, algumas com limitações físicas, dizem-se cansadas, mas não vão parar. “Sabemos que este percurso é especialmente difícil para os nosso filhos, mas o que podemos fazer? No nosso país não temos futuro. Chegar aos EUA é uma questão de vida ou morte. Ou sobrevivemos todos ou morremos todos”, disse, à BBC Mundo, uma hondurenha que partiu com o marido e os quatros filhos.
No México foram recebidos com desdém por muitos cidadãos, mas também tiveram a ajuda de outros que saíram de casa para lhes dar esperança: “Bem-vindos! Ânimo. Sabemos que têm direito a procurar uma vida melhor”, dizia, conta a BBC Mundo, um mexicano desde a entrada da sua casa. Outros deram-lhes água e comida.
Quando chegarem ao seu objetivo final, a fronteira entre o México e os EUA, a caravana terá percorrido três mil quilómetros. Nessa altura irão pôr à prova as autoridades americanas. Para um dos migrantes, citados pela agência France Press, “A nossa força é maior do que as ameaças de Trump”.