O plano A está em curso mas longe de apresentar uma solução para breve: bombear água para fora do complexo de grutas de Tham Luang, de forma a permitir aos 12 rapazes e o seu treinador sair pelo próprio pé, como entraram, antes de as fortes chuvas das monções lhes bloquearem a passagem. A opção de encontrar, ou mesmo criar, outro caminho, não é vista como muito viável e esperar que as águas baixem naturalmente, lá para outubro, parece uma hipótese cruel, obrigando os rapazes a esperar quatro meses numa gruta escura e sem garantias de que não fique inundada, entretanto, também.
Thomas Hester, do Grupo de Reação Especializada da Polícia Federal Australiana, diz já haver “áreas altamente inundadas” dentro do complexo.
Resta o plano D, que sobressai entre os que estão em cima da mesa dos responsáveis tailandeses: ensinar as crianças, mesmo as que nem nadar sabem, a mergulhar. Só que se este seria um plano difícil de pôr em prática mesmo em condições ideais, afigura-se um pesadelo perante as condições reais: um caminho totalmente desprovido de luz, cheio de estreitamentos e rochas pontiagudas e ainda correntes muito fortes e água turva.
As palavras do general Chalongchai Chaiyakum ilustram o quadro: “Demora seis horas para chegar onde as crianças estão e cinco horas para regressar” à entrada da caverna. Cinco horas… para um mergulhor profissional.
“É muito difícil ver, muito difícil mover-se dentro desse sistema de escoamento”, garante Hester.
Os meninos estão a cerca de quatro quilómetros da entrada da caverna, segundo a Marinha tailandesa, e a cerca de 400 metros da Praia de Pattaya, um ponto elevado dentro do complexo de grutas de Tham Luang.
Depois de chegarem à Praia de Pattaya, os rapazes terão de seguir até um entroncamento que tem sido descrito como o ponto mais perigoso. Aos jornalistas, Chalermphon Hongyon, presidente do Water Rescue Club Region 7, explica que nesse ponto há uma rampa e uma passagem muito estreita, com cerca de 15 metros de comprimento, pela qual só consegue passar quem tiver uma menor estatura. Tem de passar um de cada vez, claro, e é preciso tirar a garrafa de ar comprimido.
Até agora, o tempo seco aliado a esta operação já permitiu a retirada de mais de 130 milhões de litros de água, mas não o suficiente para permitir a saída a pé. A esperança é conseguir que, pelo menos, em parte do percurso os rapazes não precisem ficar totalmente submersos.
O governador da província de Chiang Rai, Narongsak Osottanakorn, adianta que já pediu o envio para o local de 13 equipamentos de mergulho para o caso de ser preciso recorrer à opção do mergulho mesmo antes de os rapazes estarem totalmente preparados para o efeito.
Ao longo do caminho também já estão a ser dispostos centenas de tanques de oxigénio para reencher as garrafas sempre que necessário, bem como luzes de presença.
Quando mergulharem, cada um será acompanhado por um ou mais mergulhadores experientes, que terão, entre outras tarefas, a de transportar as garrafas dos que não o conseguirem fazer.
Embora toda esta descrição possa parecer aterradora, Martin Grass, presidente do Cave Diving Group, uma organização britânica especializada no mergulho em grutas, manifestou acreditar, em declarações à BBC, que a idade dos rapazes pode jogar a seu favor: “Quando se é novo, sente-se invencível e eles veriam tudo como uma aventura.”