O comunicado, assinado pelo ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Javad Zarif, chega no mesmo dia em que milhares de iranianos sairam às ruas para protestar contra a decisão anunciada terça-feira pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, de sair do acordo nuclear.
Zarif acusa Trum de “ignorância e insensatez” e diz que a política americana “arrastou o Médio Oriente para o caos”.
O chefa da diplomacia iraniana diz que vai tentar salvar o acordo através de negociações com os países europeus signatários, numa ronda diplomática que vai começar já na próxima terça-feira. Mas se não resultar, o Irão está pronto para recomeçar o seu programa nuclear “numa escala industrial”.
Também esta sexta-feira, a chanceler alemã Angela Merkel considerou “difícil” manter o acordo, depois da saída de “uma enorme potência económica”. “Esperamos conseguir, mas há muitas coisas a ter em conta. Temos de discutir isso com o Irão”, afirmou.
No anúncio da retirada dos EUA do acordo, Trump referiu-se a informações reveladas no final de abril por Israel, que acusou Teerão de desenvolver um programa nuclear secreto. “No centro do acordo iraniano estava uma ficção gigantesca segundo a qual um regime assassino desejava um programa de energia nuclear. Hoje temos a prova de que esta promessa iraniana era uma mentira”, justificou Trump.
“Anuncio hoje que [terça-feira] os EUA vão retirar-se do acordo nuclear iraniano,” declarou, depois de lembrar os vários avisos feitos nos últimos meses e de dizer que os contactos com os aliados (França, Alemanha e Reino Unido) e com os “amigos no Médio Oriente” concluíram que o Irão representa uma ameaça. “Depois destas consultas tornou-se claro que não podemos evitar uma bomba nuclear iraniana sob a estrutura podre e decadente do atual acordo,” sublinhou. “Se não fizermos nada, sabemos o que acontecerá,” acrescentou.
Concluído em julho de 2015 entre o Irão e o grupo 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – EUA, Rússia, China, França e Reino Unido – e a Alemanha), o acordo visa, em troca de um levantamento progressivo das sanções internacionais, assegurar que o Irão não desenvolve armas nucleares.
Conseguido depois de 21 meses de duras negociações, o acordo foi assinado, por parte dos Estados Unidos, pelo antecessor de Trump, Barack Obama. “Foi um acordo unilateral horrível que nunca – nunca – devia ter sido feito. Não trouxe paz e nunca trará,” acrescentou o atual inquilino da Casa Branca. “Os EUA não mais farão ameaças vazias. Quando faço promessas, cumpro-as,” avisou.