Pelo menos 22 corpos foram removidos do Hotel Intercontinental de Cabul, no Afeganistão, atacado no sábado pelos talibãs, com as autoridades a preverem muitas dificuldades na identificação, por estarem calcinados.
Um grupo de atacantes entrou na unidade hoteleira de luxo, pouco depois das 21:00 locais (17:30 de Lisboa) de sábado e fez explodir uma granada para abrir caminho antes de começar a disparar sobre seguranças e clientes.
Depois, seguiram-se intensas trocas de tiros entre as forças de seguranças afegãs e os insurgentes. O ataque só terminou mais de 12 horas depois.
Várias pessoas saltaram das varandas, numa tentativa desesperada, e falhada, de salvar as suas vidas, como foi o caso de dois funcionários do hotel e o sobrinho do cônsul geral do Afeganistão que faziam parte do grupo com quem o jornalista Abdullaq Omeri, do canal TOLO news, se barricou inicialmente num dos quartos.
O repórter, que sobreviveu escondido numa das varandas, conta à CNN que estava a jantar numa suite do quarto andar quando funcionários do hotel começaram a bater com força na porta, a avisar que estava em curso um ataque terrorista.
O grupo com quem Omeri estava barricou a porta e permaneceu no quarto até que, uma hora depois, os atacantes chegaram ao piso onde se encontravam, disparando contra as portas.
“Mal rebentavam com as portas, atiravam uma espécie de explosivo para dentro dos quartos que queimava quase tudo à volta”, relata o jornalista, que recorda ter pensado que “era o último momento” da sua vida.
“Dois dos empregados e o sobrinho do cônsul geral do Afeganistão saltaram da varanda para sobreviver, mas como saltaram do quarto andar e o chão é de cimento, não sobreviveram”. O cônsu morreu numa das explosões.
“Ficámos ali a noite toda. Durante esse tempo, ouvi mulheres e crianças a gritar, homens a implorar aos atacantes para lhes pouparem a vida. O pior foi quando um homem estava a gritar por socorro mesmo na porta ao lado, os atacantes ouviram-no e foram ao quarto. Ouvi um dos atacantes disse a outro para o matar. Depois dispararam e nunca mais ouvi o homem gritar”, diz ainda.
O porta-voz do Ministério do Interior, Nasrat Rahimi, disse à AFP que “o comando usava pistolas, kalashnikovs e granadas e um deles usava um colete explosivo”.
A maioria das vítimas foi morta tiro, mas outras morreram na sequência do incêndio que deflagrou no quarto andar do edifico depois de o ataque ter começado.
De acordo com uma fonte da segurança, “dois dos atacantes haviam passado a noite no hotel, registados como clientes”.
Um dos funcionários do restaurante, Hasibullah, de 24 anos, que foi ferido na operação, disse à Tolo News que “dois homens em roupas simples” o chamaram “para pedir o jantar, antes de abrir fogo com kalashnikovs e matar vários clientes “.
Os talibãs reivindicaram o ataque num comunicado, alegando ter matado “dezenas de estrangeiros”.
Em junho de 2011, o mesmo hotel foi alvo de um ataque também reivindicado pelos talibãs, que fez 21 mortos.