O projeto de declaração unilateral de independência foi aprovado por 70 votos a favor, 10 contra e dois em branco, num órgão composto por um total de 135 deputados.
Antes do início da votação, os deputados dos partidos mais importantes que defendem a continuação da união com Espanha, em minoria, abandonaram a assembleia, deixando algumas bandeiras de Espanha nos lugares que antes ocupavam.
Em Madrid, o Senado respondeu com a aprovação, por 214 votos a favor, 47 contra e uma abstenção a aplicação do artigo 155º pela primeira vez na história da democracia espanhola. A ativação deste artigo, pedida por Mariano Rajoy, suspende na prática a autonomia da Catalunha, abrindo a porta para a destituição dos líderes do governo catalão. O governo espanhol convocou já um conselho de ministros extraordinário para esta tarde, para decidir o alcance das medidas ao abrigo do artigo 155º e a resposta na restaurar a legalidade na Catalunha.
Num tweet, o presidente do governo espanhol pediu “tranquilidade a todos os espanhóis”. Minutos depois, em declarações aos jornalistas, prometeu “a todos os catalães que tudo se fará bem, com peso e medida” e que Madrid estará à “altura das circunstâncias”.
Na primeira reação europeia à declaração de independência, Donald Tusk insistiu que “para a UE nada mudou. Espanha continua a ser o nosso único interlocutor”. Mas o presidente do Conselho Europeu, também no twitter, avançou que espera que o “governo espanhol favoreça a força do argumento e não o argumento da força”.
A Departamento de Estado norte-americano, por sua vez, reiterou que Washington “apoia as medidas constitucionais do governo espanhol para manter Espanha forte e unida”. E, em Berlim, o governo de Angela Merkel, através do porta-voz, garantiou que “não reconhece a declaração unilateral de independência do Parlamento regional”. De visita à Guiana Francesa, Emmanuel Macron frisou, tal como Tusk, que o “único interlocutor em Espanha é Mariano Rajoy”. A seu lado estava o presidente da Comissão Europeia, que alinhou pelo mesmo discurso. “É um processo no Estado espanhol e respeito todas as decisões que tome o governo”, disse Jean-Claude Juncker. O Parlamento Europeu foi a última instituição europeia a reagir. “Ninguém na União Europeia vai reconhecer esta declaração, escreveu Antonio Tajani, presidente do PE no Twitter. “Mais que nunca é necessário reestabelever a legalidade com base para o diálogo”, acrescentou.
A voz dissonante na Europa, até ao momento, vem mais uma vez da Bélgica. Num tweet, o primeiro-ministro belga voltou a insistirque uma “crise política só se resolve através do diálogo”. Já na cimeira europeia, no final da semana passada, Charles Michel tinha passado esta mensagem, depois de ser um dos poucos líderes europeus durante o referendo de 1 de outubro a reagir contra a violência da polícia espanhola para impedir o voto. “Pedimos uma solução pacífica que respeite a ordem nacional e internacional”, lê-se no novo tweet.