O Belfer Center for Science and International Affairs, da Harvard Kennedy School, publicou este mês um relatório que prevê a possibilidade do governo de Pyongyang ter criado e planear utilizar armas biológicas.
O documento avança que “é provável que a Coreia do Norte use armas biológicas antes ou no início de um conflito, para perturbar a sociedade e gerar pânico, incapacitar sociedades e /ou causar uma grande distração militar”.
As armas candidatas a uso são alegadamente 13 – entre as quais antraz, cólera e varíola – sendo que “antraz e varíola são os agentes mais prováveis a dispersar”. Demoram apenas 10 dias a estar prontas a utilizar, caso sejam armadas, diz o relatório, que cita uma audição parlamentar de 2015 do Ministério da Defesa sul-coreano.
“Agentes como o antraz podem, com pequenas quantidades, causar acidentes em massa: apenas alguns quilos de antraz, o equivalente a algumas garrafas de vinho, lançados sobre uma cidade densamente populada poderiam matar 50% da população”, diz o relatório. “Se usados em larga escala, estes agentes podem não só causar dezenas de milhares de mortes, mas também gerar o pânico e a paralisação de sociedades”.
O regime norte-coreano pode usar agentes dormentes – espiões estrategicamente colocados noutros países que podem ser “ativados” a qualquer momento – para espalhar a destruição massiva das armas biológicas, em adição a mísseis, drones e aviões armados com os vírus. “É teoricamente possível que agentes dormentes norte-coreanos, disfarçados de pessoal das limpezas e desinfeções, possam dispersar as armas biológicas através de pulverizadores mochila”, refere o documento.
Uma outra possibilidade de ataque, como aparece explicada no relatório, “é a de agentes norte-coreanos introduzirem as armas biológicas nos sistemas de abastecimento de água das grandes áreas metropolitanas”.
Os detalhes relativos à produção das armas biológicas não serão fáceis de descobrir. Ao contrário das armas nucleares, que necessitam de locais próprios para produção e teste, as armas biológicas podem ser desenvolvidas à porta fechada, em qualquer laboratório. Em adição, acrescenta o relatório, “o equipamento usado para a produção de armas biológicas é o mesmo usado na agricultura, o que torna a sua monitorização e verificação virtualmente impossíveis”.
Contudo, os serviços secretos sul-coreanos acreditam que existem pelo menos três possíveis centros de produção de armas biológicas e sete laboratórios associados à sua pesquisa e desenvolvimento.
O documento reforça ainda a necessidade de preparação das várias comunidades internacionais contra a eminência de um ataque biológico norte-coreano – que têm focado toda a sua atenção apenas no programa nuclear do país. “Preparação contra armas biológicas é urgente e necessária, e servirá também como uma defesa às epidemias naturais que cada vez mais ameaçam o século XXI”, explica o documento, que apela à cooperação dos serviços militares e de saúde para a preparação dos países contra os ataques.
O relatório é baseado em entrevistas a peritos e relatos de fontes oficiosas, mas os autores reconhecem a dificuldade de confirmar detalhes relativos à extensão do programa e à rapidez de atuação da Coreia do Norte.