Durante o depoimento no julgamento sobre o crime, o médico Nik Mohamed Adzrul Ariff disse que Kim Jong-nam tinha a cara e os olhos vermelhos, vomitava e tinha sangue na boca quando foi entubado.
Ao ser transportado para o hospital, a vítima ficou inconsciente e morreu, recordou o médico, no segundo dia do julgamento, no tribunal em Shah Alam, no oeste da capital malaia.
As duas acusadas pelo homicídio, a indonésia Siti Aisyah e a vietnamita Doan Thi Huong, escutaram atentamente o depoimento através da tradução, seguindo a recomendação dos advogados de defesa.
As duas mulheres, que na segunda-feira se declararam inocentes, enfrentam a pena de morte se forem consideradas culpadas durante o julgamento, que deverá terminar no final de novembro.
Em 13 de fevereiro, Kim preparava-se para viajar para Macau, onde residia no exílio, quando foi atacado pelas duas mulheres num terminal do aeroporto da Malásia.
Alegadamente, uma das mulheres distraiu Kim, que imprimia o bilhete de embarque, e a outra aproximou-se pelas costas e tapou o rosto do norte-coreano com um pano ensopado num produto tóxico potente.
A autópsia realizada por peritos forenses malaios determinou que o cadáver continha resíduos do agente nervoso conhecido como VX e considerado pelas Nações Unidas como uma arma de destruição maciça.
A defesa, por sua vez, pôs em causa o uso do agente tóxico, dado que nenhuma das pessoas que estiveram em contacto direto com o corpo contaminado de Kim sofreu quaisquer problemas.
Após a detenção, nos dias que se seguiram ao incidente, as duas mulheres garantiram ser vítimas de um engano, disseram que pensavam estar a participar num programa de apanhados para a televisão e que o veneno era óleo para bebé.
As acusadas disseram às autoridades que toda a situação tinha sido orquestrada por um grupo de quatro homens que lhes pagou 80 dólares a cada uma.
A polícia identificou estes homens como cidadãos norte-coreanos que embarcaram depois num avião com destino a Pyongyang e pediu informações a outras três pessoas que foram ao aeroporto despedir-se deles, incluindo o segundo secretário da embaixada da Coreia do Norte em Kuala Lumpur, Hyong Kwang.
Entre estas três pessoas estão também Kim Uk Il, funcionário da companhia aérea estatal da Coreia do Norte, e outra pessoa identificada como Ri Ji U, que se refugiou nas instalações diplomáticas durante dias para evitar as autoridades.
Desde o primeiro momento que os serviços secretos da Coreia do Sul e dos Estados Unidos atribuíram o crime a agentes norte-coreanos, mas Pyongyang argumentou que a morte foi provocada por um ataque cardíaco e acusou as autoridades da Malásia de conspirarem com os seus inimigos.
com Lusa