Ontem à tarde, em Berlim, já se começavam a notar os efeitos do enorme evento desportivo que aconteceria no dia seguinte. Ruas fechadas, sentidos cortados e muitos polícias a condicionar o trânsito tornavam caótica a circulação na cidade de Berlim a partir da hora de almoço de dia 23. Ainda assim, nada que apoquentasse especialmente os berlinenes.
Sabiam há muito que as eleições para o Bundestag e a Maratona de Berlim, que tem cerca de 50 mil participantes e decorre sempre no último fim de semana de setembro, aconteceriam no mesmo dia, e estavam preparados para isso. Alguns decidiram votar antes por carta – uma opção disponível no sistema eleitoral alemão e que cerca de 30% dos eleitores utilizam –, outros optaram por obedecer às indicações que receberam com mais de uma semana de antecedência.
A edição de 2017 da Maratona de Berlim, um dos maiores eventos desportivos na Europa, causou naturalmente transtorno no processo de voto. Cerca de 30 assembleias de voto na cidade e uma estimativa de 20 mil pessoas foram afetadas. Ainda assim, a confusão foi minimizada à boa maneira alemã: com planeamento e organização. Todas estas 20 mil pessoas receberam indicações sobre qual o circuito da maratona e quais as melhores horas para circular e chegar às mesas de voto, e puderam confiar nos polícias que estiveram com abundância nos locais mais críticos para minimizar os problemas que viessem a ocorrer.
Na Kurfürstendamm, uma das arteiras principais da cidade onde decorreu a Maratona, 10 minutos depois de passar o último corredor e o carro de vassoura, já circulavam os carros de limpeza a apanhar o lixo deixado no local. Meia hora depois, parecia que nada se tinha passado naquela rua. Sim, estamos em Berlim, mas isto ainda é a Alemanha…