As declarações do Presidente dos Estados Unidos, num comício no sábado, a propósito do que “aconteceu sexta-feira na Suécia”, para justificar as suas medidas anti-imigração, têm feito correr muita tinta, como pode recordar aqui. Mas agora, Nigel Farage, antigo líder do britânico UKIP, junta-se a Donald Trump, declarando a cidade sueca de Malmo como “a capital europeia da violação devido à política de imigração da União Europeia”. E aos seus seguidores no Twitter e aos ouvintes do seu programa na radio LBC garante: “Quem disse que não há um problema, está a mentir”.
“A Suécia acolheu mais jovens migrantes do sexo masculino do que qualquer outro país na Europa”, argumenta Farage, para concluir a relação com um “aumento dramático nos crimes sexuais na Suécia”.
Mas Philip N. Cohen, sociólogo na Universidade de Maryland, EUA, já tem a resposta, através de um gráfico que mostra o número de violações registado pela polícia por cada 100 mil habitantes, comparado com a população de refugiados do país.
O gráfico mostra que o número de violações aumentou drasticamente sim, mas em 2004, sete anos antes do aumento dos refugiados no país, em 2011, e muito devido a uma alteração da definição de “violação” aos olhos da lei.
Em 2012, Klara Seli, socióloga no Conselho Nacional para a Prevenção do Crime, em Estocolmo, explicava à BBC que a Suécia tem a “ambição” de registar cada caso de violência sexual em separado, tornando-o visível a nível estatístico. Por exemplo, se uma mulher alegar que o companheiro a violou durante quase todos os dias durante um ano, a polícia tem de registar cada um desses episódios, mesmo que isso implique registar mais de 300. “Em muitos países, isto seria apenas um registo: uma vítima, um tipo de crime, um registo”, explica a especialista.