A maioria dos habitantes de dez países europeus apoiaria a tomada de medidas anti-imigração contra muçulmanos, à semelhança do polémico decreto de Donald Trump entretanto suspenso por decisão judicial.

Segundo uma sondagem do Chatham House, um influente think tank britânico, a decisão de Donald Trump que, nos últimos dias, impediu a entrada nos Estados Unidos de cidadãos oriundos de sete nações muçulmanas, teria a concordância de 55% dos habitantes de países como a Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, França, Grécia, Hungria, Itália, Polónia e Reino Unido.
Estes países têm sido dos mais procurados pelos migrantes que chegaram à Europa nos últimos 18 meses e, em alguns deles, existem fortes movimentos políticos nacionalistas, xenófobos e anti-imigração. Na Alemanha, França e Bélgica, vários atentados terroristas cometidos por cidadãos muçulmanos nos últimos meses provocaram um elevado número de vítimas civis.
A sondagem, realizada entre 12 de dezembro e 11 de janeiro, ainda antes da tomada de posse de Donald Trump e da publicação do seu controverso decreto, foi feita a partir de uma amostra de mais de 10 mil pessoas residentes em dez países europeus. Os resultados mostram que 71% dos polacos apoiaria de bom grado a tomada de medidas anti-imigração contra muçulmanos, um valor que desce para 53% na Alemanha, 47% no Reino Unido e 41% em Espanha. É também neste último país que maior número de inquiridos se mostra contrário a um maior aperto nas políticas anti-imigração, mas o valor não ultrapassa os 32% do total.
O Chatham House revela que três quartos dos inquiridos que defendem políticas anti-imigração declaram votar em partidos de direita, enquanto pouco mais de um terço afirma votar em partidos de esquerda. Os europeus mais velhos, e com menores habilitações literárias, são também os que se mostram maioritariamente a favor de novas restrições contra a entrada de muçulmanos.
Na quinta-feira, 9, o Tribunal de Recurso de São Francisco decidiu manter a suspensão do decreto anti-imigração de Donald Trump, invocando a necessidade de garantir “a livre circulação” e de “evitar a separação de famílias”. O Presidente dos EUA reagiu à decisão judicial, através de uma mensagem no Twitter onde se pode ler: “Vemo-nos em tribunal, a segurança da nossa nação está em causa.”
Publicado a 27 de janeiro, o decreto assinado por Trump determinou a suspensão por 120 dias do programa de acolhimento de refugiados e travou, durante 90 dias, a entrada e a emissão de vistos a cidadãos da Líbia, Sudão, Somália, Síria, Iraque, Irão e Iémen.