O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu na noite de quarta-feira que o seu plano para limitar a entrada de pessoas de diversos países muçulmanos se afigura necessário devido à “confusão total” do mundo.
Em entrevista à ABC, Donald Trump rejeitou tratar-se de uma interdição contra os muçulmanos: “Não, não é uma proibição dos muçulmanos, mas dos seus países”, porque “as pessoas vão chegar e causar-nos tremendos problemas”.
“O nosso país já tem problemas suficientes e em muitos ou em alguns casos [há pessoas] que procuram causar tremenda destruição”, adiantou.
Donald Trump recusou dizer a que países se estava a referir, mas afirmou acreditar que a Europa “cometeu um enorme erro ao permitir que esses milhões de pessoas sigam para a Alemanha e outros países. Basta olhar — é um desastre o que está a acontecer lá”.
Segundo um projeto de ordem executiva publicado pelos ‘media’ norte-americanos, os refugiados da Síria vão ser banidos por tempo indefinido, o amplo programa norte-americano de admissão de refugiados vai ser suspenso por 120 dias e todos os pedidos de visto oriundos de países considerados uma ameaça terrorista — Iraque, Síria, Sudão, Líbia, Somália e Iémen — vão ser suspensos por 30 dias.
Questionado sobre se receia provocar a ira dos muçulmanos em todo o mundo, Donald Trump respondeu: “Raiva? Já há muita raiva neste momento. Como é possível haver mais?”
Para Trump, “o mundo é um lugar de raiva” (…). Fomos para o Iraque, não devíamos ter ido. Não devíamos ter saído da forma que saímos. O mundo está uma confusão total”.
Segundo o projeto de decreto divulgado pelos ‘media’, o Presidente norte-americano planeia cortar pela metade o número de refugiados que entram nos Estados Unidos durante o ano fiscal de 2017, que termina a 30 de setembro.
Enquanto a administração do antigo Presidente Barack Obama definiu a meta de aceitar mais de 100 mil refugiados este ano, Trump pretende cortar esse objetivo para 50 mil.
Tortura: “Combater o fogo com fogo”
Outros dos temas polémicos abordados na entrevista a ABC foi a possibilidade de Trump vir a autorizar a reabertura de prisões secretas da CIA, desmanteladas por Obama depois de divulgados os casos em que foram usados métodos de interrogatório inadequandos, por recorrerem à tortura. O Washington Post garante que esse decreto será assinado nos próximos dias e Trump não o negou. Pelo contrário, foi até muito claro: “Falei com oficiais dos serviços secretos e perguntei-lhes: ‘A tortura funciona?’ E eles responderam-me: ‘Sim, absolutamente!’ Sim, quero trazer de volta [a tortura]. Quero manter o nosso país a salvo. Quando eles estão a decapitar a nossa gente, quando o fazem porque elas são cristãs no Médio Oriente, quando o Estado Islâmico faz isso, devo eu sentir-me mal por causa do ‘waterboarding’? Tanto quando sei, devemos combater o fogo com o fogo.”
Muro avança mas México diz que não paga
O Presidente do México, Enrique Peña Nieto, lamentou e reprovou a decisão do recém-empossado Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de ordenar a construção de um muro na fronteira comum, reiterando que não o vai pagar.
“Lamento e reprovo a decisão dos Estados Unidos de continuar a construção de um muro que há anos nos divide em vez de nos unir. O México não acredita em muros”, afirmou Enrique Peña Nieto, numa mensagem transmitida na quarta-feira pela televisão, em que reiterou que o México não vai arcar com as despesas do muro.
Donald Trump assinou na quarta-feira a ordem para a construção de um muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México, garantindo que vai iniciar-se em “em meses”, que o planeamento do projeto será feito “de imediato” e insistiu ainda que “em última instância” o custo será “reembolsado pelo México”.