“É um mercado que temos às portas e está preparado para que as empresas britânicas possam beneficiar mais dele. Os custos de se ser membro parecem bastante pequenos, considerando tudo a que temos acesso. Porque estamos tão decididos a voltar as costas a isso?”. Assim escrevia Boris Johnson, o grande ativista do Brexit, na altura em que David Cameron decidiu convocar o referendo que viria a ditar o divórcio com a União Europeia.
Johnson, na época mayor de Londres, avançara de imediato como líder da campanha pela saída, deixando na gaveta um artigo de opinião, nunca publicado, que agora foi revelado no livro All Out War, do jornalista Tim Shipman. Este fim de semana, o jornal The Sunday Times publicou alguns excertos.
O livro revela que Boris Johnson se debateu para decidir se apoiaria ou não o Brexit, tendo escrito dois artigos, um pró e um contra. O atual ministro dos Negócios Estrangeiros de Theresa May não o nega: “É verdade que, em fevereiro, eu me debatia, tal como muita gente neste país, julgo”, reconheceu.
Acrescentou, no entanto, que o artigo contra o Brexit é uma espécie de “semi paródia”, onde expôs argumentos contrários aos que, no fundo, abraçava. Ao colocar os dois artigos lado a lado percebeu de imediato “qual seria a coisa certa a fazer”.
Essa é uma forma de ver as coisas. Outra forma é a da primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, que acusou Johnson de fazer campanha pelo Brexit “não a pensar nos méritos da causa, mas provavelmente naquilo que ele achava que seria melhor para a sua carreira política”.
A Escócia foi uma das regiões do Reino Unido claramente favorável à permanência na União Europeia, como o mostraram os resultados do referendo de 23 de junho de 2016, e agora está confrontada com uma decisão a tomar sobre o seu futuro e que poderá passar por abandonar o Reino Unido para poder continuar a ser membro da UE.