O procurador belga identificou, ao princípio da tarde desta quarta-feira, Ibrahim El-Bakraoui como um dos autores do atentado no aeroporto de Bruxelas e Khalid El-Bakraoui como autor do atentado no metro, adiantando que um terceiro suspeito dos atentados de terça-feira estava em fuga e outro continuava por identificar. Testes de ADN provaram, entretanto, que o segundo bombista suicida do aeroporto é, afinal, Najim Laachraui, que antes as autoridades julgavam vivo e em fuga. Este será, pois, o homem da esquerda na foto da videovigilância do aeroporto de Zavetem, sendo que o do meio é Ibrahim El-Bakraoui.
Relativamente a esta foto, falta agora identificar o homem da direita, do casaco claro e com chapéu.
A polícia encontrou 15 quilos de explosivos e vários materiais para o fabrico de bombas no apartamento de Schaerbeek de onde partiram os autores do ataque ao aeroporto de Bruxelas, informou também o procurador belga.
Como tinha sido avançado pela imprensa, o procurador, Frédéric Van Leeuw, indicou que foi uma informação dada pelo taxista que transportou os presumíveis terroristas para o aeroporto que permitiu às autoridades identificar a residência ocupada pelos suspeitos em Schaerbeek.
“15 quilos de explosivos do tipo TATP foram encontrados, 150 litros de acetona, um detonador, malas cheias de pregos, ventiladores e outros materiais”, disse numa conferência de imprensa em Bruxelas.
Os explosivos do tipo TATP têm sido frequentemente usados por membros do grupo Estado Islâmico, que reivindicou os atentados de terça-feira no aeroporto de Zaventem e na estação de metro de Maelbeek, em Bruxelas.
Por outro lado, e contrariamente ao que foi noticiado, o procurador afirmou que nenhuma arma, branca ou de fogo, foi encontrada no aeroporto.
Evocando o filme dos acontecimentos do dia de terça-feira, o procurador indicou que a primeira explosão no aeroporto ocorreu às 07:58 locais (06:58 em Lisboa) e a segunda 37 segundos depois.
Van Leeuw estabeleceu o balanço provisório de vítimas em 31 mortos e 270 feridos.
“Este número pode ainda infelizmente evoluir nas próximas horas”, disse, referindo-se ao facto de haver vários feridos em estado crítico.
Terroristas usaram pelo menos três carros
Khalid El Bakraoui tinha alugado uma casa num bairro belga que na semana passada foi alvo de uma operação policial.
Os dois irmãos são também apontados como tendo ligação a Salah Abdeslam, detido por suspeita de ligação aos ataques de novembro em Paris.
Pelo menos três carros foram usados pelos terroristas de Bruxelas para o duplo atentado de ontem: um táxi, um Renault Clio e um Audi S4 preto, avança entretanto o diário belga La Libre Belgique.
Imediatamente depois dos atentados, várias testemunhas destacaram a presença de um veículo da marca Audi, de cor escura e sem matrícula, com três ou quatro indivíduos no interior, no aeroporto.
Segundo o diário, a pista conduz a uma pessoa de Limburgo, província de Liége, com 22 anos e que já esteve sob observação dos serviços secretos no ano passado.
O proprietário do Audi S4 visto em Zaventem pertence à comunidade turca e é conhecido pelos serviços secretos belgas por ter ido no ano passado à Arábia Saudita.
Identificado apenas pela letra A, viajou para esse país com outras três pessoas de Limburgo, com 22, 25 e 26 anos, e com um homem de Amberes de 33 anos e origem marroquina.
Os dados do Audi, tal como os de um Renault Clio, foram transmitidos rapidamente às autoridades fronteiriças francesas, luxemburguesas, alemãs e holandesas.
As pessoas que estavam dentro do Audi não saíram, porém, no aeroporto, onde aconteceram duas explosões, e regressaram a Bruxelas.
O diário deixa a possibilidade de se tratar de uma segunda equipa de bombistas suicidas, que foi para Woluwe-Saint-Lambert, um dos municípios da região Bruxelas-Capital, com o objetivo de realizar o segundo atentado no metro de Maelbeek.
Pista de taxista leva polícia a Schaerbeek
O terceiro carro usado pelos alegados terroristas era um táxi, que transportou os três suspeitos da autoria das explosões no aeroporto.
Foi o taxista quem, após ver as fotografias dos suspeitos, levou a polícia belga à casa em Schaerbeek onde foi encontrado um dispositivo explosivo, produtos químicos e uma bandeira do grupo extremista Estado Islâmico.
O taxista estranhou que os homens não o tivessem deixado ajudar com as malas, onde se veio a descobrir estar o material explosivo.
Após colocarem as malas em carrinhos de bagagem no aeroporto, dois deles fizeram explodir os dispositivos.