Como se este Universo não fosse já suficientemente grande e complexo, várias teorias físicas prevêem a existência de muitos outros, escondidos de nós. Numa destas teorias, propõe-se que haja um número infinito de universos, um ao lado do outro. Sendo certo que só há um número finito de possibilidades para o arranjo das partículas no espaço/tempo isto implica que a dado momento tudo se repita e, inclusivamente, algures por aí haverá uma versão de nós.
Outra ideia, na mesma linha, vem da Teoria das Cordas (uma teoria matemática que tenta integrar as várias forças físicas, como a gravidade e as forças que regem o movimento das partículas) e no pressuposto de que existem mais dimensões do que aquelas que conhecemos – as três espaciais mais o tempo. Num espaço com mais dimensões, o universo em que vivemos será apenas um entre inúmeros, que andam por aí a flutuar. Como uma fatia de pão dentro de um pão cósmico maior. Esta é a tese defendida por Gerry Gilmore, professor de Filosofia Experimental na Universidade de Cambridge: “Deve haver por aí muitos perdedores, muitos outros universos, que são um bocadinho diferentes do nosso. Suficientemente diferentes para que não haja condições para o aparecimento da vida”.
O cientista estuda o Universo, da sua origem até ao seu fim. Coordena ainda a missão Gaia, da Agência Espacial Europeia, um super câmara forográfica que irá traçar o mapa mais completo de sempre da nossa galáxia, a Via Láctea, construindo um mapa tridimensional. Estudará mil milhões de objetos – apenas um por cento dos que por aqui andam. Nesta entrevista, Gilmore obriga-nos a pensar nas questões fundamentais da existência: quem somos, para onde vamos, como chegamos até aqui.