Recorde: Estado Islâmico destruiu templo em Palmira
Tadmor, a cidade das tâmaras, a jóia do deserto que atraía mais de 150 mil turistas ao ano antes de eclodir a chamada “primavera árabe” em 2011, é cada vez mais um monte de ruínas. E um símbolo global da intolerância. Conquistada pelo autoproclamado Estado Islâmico (EI) há pouco mais de três meses, perdeu desde então mais de metade dos seus 50 mil habitantes, devido à imposição da sharia (a lei islâmica) e às regras fundamentalistas do Califado.
No antigo oásis onde há dois milénios se ergueu a urbe de Palmira, um lugar incontornável para as caravanas e os viajantes que deambulavam entre China, India, Pérsia e Roma, a civilização como a conhecemos tornou-se uma miragem. A violência e a barbárie tornaram-se quotidianas. As execuções, as decapitações e tudo o resto a que o mundo se habituou nos sítios sob controlo dos jiadistas liderados por Abu Bakr al-Baghdadi é cada vez mais visível. As mulheres escravizadas, as crianças doutrinadas para odiar e matar, os homens convertidos em fanáticos que recusam fazer a barba com a mesma facilidade com que roubam a vida aos infiéis que juram erradicar da face terrestre. Boa parte das vítimas desta lógica assassina encontra-se em fuga e a caminho da margem norte do Mediterrâneo, rumo à União Europeia. Outra das baixas desta guerra é o património da Síria e do Iraque. E Palmira é agora um dos melhores exemplo do vandalismo que a UNESCO descreve como “crimes de guerra” e “genocídio cultural”.
O complexo arqueológico que a organização declarou como património da humanidade em 1980 está a ser pilhado e destruído de forma gradual e sistemática. Esta terça-feira, 25, ficou a saber-se que o templo de Baalshamin, um dos monumentos greco-romanos mais bem preservados do planeta, foi dinamitado. Para que não houvesse dúvidas sobre tal feito, o EI revelou imagens do momento em que as cargas explosivas arrasaram o templo dedicado ao Deus do céu e da fertilidade. Um desenlace pelo qual a UNESCO exige responsabilidades e que ocorre uma semana depois do anúncio da execução pública de Khaled Assad, o octagenário arqueólogo que tutelou os museus e as relíquias de Palmira durante quase meio século. O seu sucessor no cargo, Maamoon Abdulkarm, em entrevista ao Le Monde, receia que o pior ainda esteja para vir: “A selvajaria é total, há um mês e meio decidiram autorizar escavações clandestinas sobre as ruínas antigas. O núcleo museológico foi transformado em prisão e tribunal. Devemos preparar-nos para receber outras imagens – ainda piores..”
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