De agosto a dezembro do ano passado, Alessandro Ford viveu um período sem luxos – e, por “luxo”, entenda-se até água quente, que faltou durante duas semanas, em pleno inverno norte-coreano – e quase sem contacto com o exterior, à exceção de 10 minutos por semana para falar com a mãe. E com todos os seus movimentos controlados, como já esperava.
Ao jornal britânico The Guardian, o jovem de 18 anos contou a sua experiência de ter sido o primeiro aluno ocidental a estudar na universidade de Kim Il-sung, que aceita regularmente estudantes estrangeiros, mas da China e da Rússia. A viagem foi conseguida graças à intervenção do pai, o ex-deputado europeu Glyn Ford, que já tinha feito múltiplas viagens diplomáticas ao país. O jovem pagou cerca de 4.200 euros por quatro meses que incluíam alimentação, alojamento e a frequência da universidade.
Alessandro Ford relata que as instalações do campus eram bastante precárias. As casas-de-banho, por exemplo, não tinham chuveiros individuais. “Tínhamos que tomar banho todos juntos, ao estilo romano”, lembra. Os dormitórios eram limpos e confortáveis, mas muito “básicos” e faltou água quente durante cerca de duas semanas. Lá fora, estavam 20 graus negativos…
O contacto com o exterior, esse, era pouco – apenas 10 minutos semanais para falar com a mãe através do telemóvel.
Nas declarações ao The Guardian, Ford sublinhou ainda que se para um estudante do Ocidente é normal o lema ‘sex, drugs and rock-and-roll’, para os “puritanos” norte-coreanos nem por isso. As letras do rapper americano Eminem, por exemplo, provocaram espanto entre os seus colegas universitários: “Porque é que ele canta sobre si próprio, sexo e drogas”, interrogavam-no. “Devia fazer música sobre a sua família e o país”.