Sheila Copps afirmou, em artigo publicado no semanário político The Hill Times, que foi “violada” há “mais de 30 anos” por “alguém que conhecia”. Na altura fez queixa à polícia, mas esta apenas avisou o agressor para se manter à distância, por entender que era “impossível” conseguir obter um “veredito de culpado”.
Esta revelação acontece depois de terem sido conhecidos dois casos nos últimos dias, que voltaram a colocar em destaque o tema das violências sobre as mulheres.
Um animador vedeta da rádio pública CBC, Jian Ghomeshi, foi despedido depois de pelo menos nove mulheres alegarem que foram vítimas de violência da sua parte. Através de um texto longo que publicou na rede social Facebook, Ghomeshi contrapôs que as relações sexuais foram consentidas, admitindo que era adepto de práticas sadomasoquistas.
Na semana passada, dois deputados canadianos foram também suspensos pela sua formação política (Liberal) no parlamento de Otava, no seguimento de queixas de assédio sexual por parte de duas deputadas de outro partido.
Sheila Copps, que também foi deputada, afirmou igualmente que tinha sido agredida sexualmente por um dos seus pares, no início da sua carreira parlamentar. Recordou que estava a fazer uma série de consulta sobre “a violência feita sobre as mulheres”, no início dos anos 80, quando foi agredida por um colega deputado.
Tinha então 28 anos e estava há menos de um ano no parlamento da província de Ontário, para onde tinha sido eleita em 1981.
“Ele procurou empurrar-me contra a parede e abraçar-me”, escreveu. Depois de o ter afastado, “ao dar-lhe um pontapé onde dói”, o agressor parou. Na época, não apresentou queixa à polícia, por considerar que se tinha tratado apenas de “um gesto deslocado”.
O caso que envolve Jian Ghomeshi ganhou dimensão com os testemunhos diretos de algumas mulheres agredidas, como a jornalista do Guardian Ruth Spencer, vítima das violências do animador quando mantinha com ele uma relação platónica. A polícia de Toronto está a investigar as alegações.
Inspiradas por estes testemunhos, duas conhecidas jornalistas, Sue Montgomery, do diário “The Gazette”, de Montreal, e Antonia Zerbisias, do Toronto Star, também quebraram o silêncio, ao contarem as suas histórias de agressão sexual na rede social Twitter, convidando outras vítimas a fazerem o mesmo.
Milhares de outros casos, alguns dos quais envolvendo pessoas conhecidas, têm sido revelados no Canadá, onde o fenómeno se tornou viral, sob as palavras-chave “BeenRapedNeverReported” e “AgressionNonDénoncée”.