No início deste mês, uma família britânica foi surpreendida por um buraco com 4,5 metros de diâmetro e nove de profundidade que se abriu diante da sua casa e engoliu o carro. Em 2010, uma destas crateras fez desabar uma divisão inteira na Flórida provocando a morte de um homem de 37 anos. Inesperado? A Terra estava a planear a surpresa há centenas de anos.
Este é um fenómeno natural, muito diferente das derrocadas acidentais provocadas pela acção do homem em túneis ou buracos abertos no solo. Neste caso, o colapso é provocado pela infiltração de chuva ácida no solo num processo que pode durar centenas de anos, milhares em alguns casos.
A água infiltrada acaba por atingir uma base de rocha firme, composta por materiais tais como arenito, calcário ou gesso. Partes da rocha dissolvem-se gradualmente provocando cavidades no seu interior e um alargamento das fissuras naturais do solo.
Aos poucos, terra e areia caem nas fendas que vão surgindo na rocha. Dependendo da espessura e força ca camada superior do solo – areia vai durar pouco tempo mas argila pode aguentar-se durante um milénio – e da distância a que a superfície está das fissuras, a terra vai aguentando o seu próprio peso e as construções do homem, até que, inevitavelmente, chega o dia em que toda esta estrutura cede.
“Uma vez que as cavidades subterrâneas começam a colapsar, os materiais por cima delas vão afunilar, tal como numa ampulheta”, explica o Anthony Cooper, um dos principais geólogos de uma organização britânica que mapeia o país em busca de rochas susceptíveis de colapsar.
Além da chuva ácida, condições climatéricas extremas tais como grandes períodos de seca seguidos de chuva muito abundante podem também provocar estas crateras chamadas “sinkhols”, “buracos de lava-loiças”, numa tradução literal.