O funeral teve lugar no distrito de Dwarka, em Nova Deli, onde a jovem vivia quando estudava medicina e, segundo um agente da polícia, alguns políticos marcaram presença na cerimónia.
Vários polícias concentraram-se nas imediações do local onde decorreu o funeral, realizado cerca de quatro horas depois de o corpo da vítima ter chegado a Nova Deli proveniente de Singapura, onde a jovem estava internada e acabou por morrer no sábado.
O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, esperou no aeroporto internacional Indira Gandhi, em Nova Deli, pela chegada do corpo da jovem para manifestar as suas condolências à família.
Milhares de pessoas realizaram uma vigília à luz das velas na noite de sábado em Nova Deli, bem como noutras localidades do país, como Mumbai, Calcutá e Hyderabad, depois de Singh ter apelado à calma para evitar novos protestos violentos e a polícia ter indicado que os seis homens acusados de homicídio da jovem arriscam a pena de morte.
Nova Deli tem sido considerada a “capital da violação” da Índia, registando em média um caso a cada 18 horas, segundo os dados da polícia. De acordo com a edição de hoje do jornal Hindustan Times, mais de 20 mulheres foram violadas desde 16 de dezembro, mas a realidade deve superar esse número, já que a maioria das vítimas acaba por não denunciar os casos de violação.
Debangana, de 16 anos, vive em Bengala Ocidental e no verão de 2010, quando trabalhava na loja da família em Sonarpur, dois rapazes ofereceram-lhe um refrigerante, que continha sedativos.
Quando acordou, a jovem, com 14 anos na altura, estava num comboio com três homens, que a tinham sequestrado e levado para um apartamento em Nova Deli.
“Fecharam-me num quarto, forçaram-se a ficar em silêncio atacando-me com sapatos e paus, enquanto me violavam”, contou em declarações à AFP.
A jovem foi depois vendida a um bordel de Nova Deli, onde alega ter sido “explorada durante um ano” e acabou por ser resgatada com outras 10 raparigas pela polícia.
Ao chegar a casa não obteve apoio para denunciar o seu caso. “Na cidade, uma rapariga tem a liberdade de decidir, mas numa aldeia tem de obedecer ao seu pai, irmãos, aos homens”, constatou.
Debangana decidiu mesmo assim apresentar queixa na polícia, contando com o apoio legal oferecido por uma organização voluntária.
Três dos seus raptores foram detidos e acusados, mas dois anos depois foram libertados. A casa da sua família foi destruída e o campo de arroz que cultivava também, depois de ter recusado desistir do caso.
A jovem estudante de Nova Deli “morreu e eu tenho de viver para continuar a lutar”, concluiu Debangana.