O receio de que da atual pesquisa de novas estirpes do virus H5N1 pudesse inadvertidamente sair dos laboratórios e provocar uma pandemia levou à interruppção, por 60 dias, do trabalho que estava a ser desenvolvido por um grupo de cientistas.
Segundo o site da revista Wired, a controvérsia teve início em novembro, quando duas equipas de virologistas (Holanda e Estados Unidos) desenvolveram estirpes do vírus H5N1, com uma proteína (HA) da gripe das aves, para usar como modelos de estudo na infeção da gripe em humanos. Na prática, trata-se de criar de novas estirpes, passíveis de serem ainda mais transmissíveis entre os mamíferos.
Os mais críticos, incluindo virologistas de topo, epidemiologistas e especialistas em bio-segurança alertaram para a possibilidade de utilização deste tipo de vírus por terroristas.
Para acalmar os ânimos, a comunidade cientifica decidiu interromper a investigação durante 60 dias – medida que foi anunciada no passado dia 20, nas revistas Nature e Science -, através de uma moratória assinada por dezenas de cientistas e laboratórios.
As pandemias de gripe são causadas por vírus que se desenvolvem em habitats de animais, tais como aves e porcos, e conseguem adquirir mudanças genéticas que aumentam a capacidade de se transmitirem a humanos. Um dos grandes obstáculos para a prevenção de uma pandemia desta natureza tem sido precisamente o facto de não se saber ainda quais as mutações que podem fazer com que o H5N1 se torne mais transmissível entre humanos, segundo os cientistas.