O escândalo rebentou em França pois terá existido uma alegada quebra do segredo de justiça. As SMS’s, que estariam na posse das secretas francesas, foram divulgadas nos jornais. Nas mensagens, fica clara a possibilidade de existirem ligações entre o antigo director do FMI, polícias corruptos e empresários que tentariam aproveitar as ligações com Strauss-Kahn para chegar a outras figuras do partido socialista francês.
As autoridades estão especialmente interessadas nas SMS’s trocadas entre o antigo director do FMI e o empresário da Pas-de-Calais, Fabrice Paszkowski. As mensagens são fonte fulcral para que os inspetores consigam, com precisão, chegar a todos os detalhes do eventual escândalo sexual. Entretanto, no passado dia 21 de Outubro, Fabrice Paszkowski foi detido pelas autoridades francesas por suspeita de vários crimes entre os quais se destaca “proxenetismo agravado em grupo organizado”.
Os dividendos políticos da relação entre o gestor e o antigo diretor do FMI também têm merecido atenção por parte da polícia francesa. Ao que tudo indica, nas mensagens são referenciados nomes de dirigentes do partido socialista francês e do Fundo Monetário Internacional. Pierre Moscovici, socalista francês, e Jean-Marie Le Guen, deputado socialista de Paris, são dois dos nomes referenciados.
Durante 2009 e 2010 Strauss-Kahn e Fabrice Paszkowski trocaram bastantes mensagens. Nos textos enviados, os dois combinavam, segundo os jornais franceses, “eventos especiais” por todo o mundo em discotecas e hotéis. No dia 4 de Julho de 2009, por exemplo, o antigo director do FMI propõe ao empresário que se encontrem em Madrid com o “material”: “Veux tu (peux tu) venir découvrir une magnifique boite coquine à Madrid avec moi (et du matériel)?”.
De acordo com as notícias, os bacanais terão acontecido igualmente em território francês. Em Lille, no norte de França, Strauss-Kahn terá tido, em hotéis, encontros com Fabrice Paszkowski e prostitutas. A imprensa francesa até já referencia este caso como “o escândalo do Carlton de Lille”, em alusão a um dos hotéis onde tudo terá acontecido.
O recente escândalo abalou a já bastante fragilizada estrutura do PS francês. Depois de ter perdido Strauss-Kahn como candidato às presidências aquando da suposta tentativa de violação em Nova Iorque, o partido vê agora nomes da lista do actual candidato socialista a Presidência de França, François Hollande, serem referenciados nas SMS’s do antigo líder do FMI.
Strauss-Kahn, agora afastado das “batalhas” políticas, pede aos investigadores da polícia francesa que o interroguem com urgência. O antigo director do FMI terá sido, de acordo com as suas palavras, vítima de “linchamento”.
O advogado de Strauss-Kahn, Henri Leclerc, já afirmou que o seu cliente podia “perfeitamente desconhecer que as mulheres eram prostitutas”. Leclerc disse mesmo que “durante a noite é impossível distinguir uma mulher normal de uma prostituta”.
“O escândalo do Carlton de Lille” está agora nas mãos dos juízes de Lille. Aos magistrados compete levar a cabo toda a investigação sobre mais um escândalo em que Dominique Strauss-Kahn está envolvido.