A Cavalgada de Reis é o mais famoso e mais prestigiado ritual do ano na República Checa.
Este festival é associado à população das cidades de Hluk e Kunovice e das aldeias Skoronice e Vl?nov. Nestas comunidades, a Cavalgada de Reis é realizada por homens jovens, geralmente entre 15 a 25 cavaleiros e um “Rei”, um rapaz com idade compreendida entre os 10 e os 15 anos – que é selecionado pelas comunidades. A acompanhar o cortejo vão as famílias dos cavaleiros e do “Rei”, bem como homens encarregues de lidar com os cavalos.
Os residentes destas várias comunidades também participam na celebração; as mulheres, de todas as idades, ajudam principalmente na ornamentação dos cavalos e na preparação dos trajes tradicionais.
A Cavalgada de Reis é uma procissão ceremonial durante a qual um grupo de homens monta a cavalo e desfila por uma aldeia. No passado, O principal objetivo era assegurar (espiritualmente) as boas colheitas e prosperidade para as quintas. Passava também pelo encorajar dos jovens, considerados maduros, a visitar casas de jovens raparigas e a cantar-lhes rimas.
A cerimónia é precedida por uma missa, pela aprovação do Presidente local e pela decoração dos cavalos. Cada aldeia tem as suas regras na ornamentação dos animais e para isto são feitas muitas decorações de papel, que identificam as aldeias através das formas e padrões das cores.
O “Cortejo dos Reis” parte da casa do “Rei” e segue pelas ruas da aldeia. Apresenta uma hierarquia e uma forma tradicional. À cabeça vão os cantores, seguidos pelos rapazes de serventia que têm como função resguardar o Rei – um rapaz que segura uma rosa na boca – e à retaguarda vão os restantes cavaleiros.
O Rei, assim como os serventes vestem trajes cerimoniais femininos predominantemente brancos, e os outros cavaleiros, que seguem na retaguarda, vestem trajes tradicionais de homem. Na cabeça o “Rei” usa uma coroa ou uma espécie de véu, que cobre quase todo o seu rosto. O véu é ornamentado com um laço. A rosa que leva na boca, assim como o seu silêncio acentua o seu papel passivo nesta celebração. Segundo, a candidatura apresentada à UNESCO, não existe uma explicação para estes elementos arcaicos e não é possível estabelecer a razão pela qual estes são feitos.
O cortejo é um passeio a cavalo, no qual os animais são embelezados com flores de papel. No passado, a procissão fazia várias paragens ao longo da aldeia para que fossem cantadas pequenas rimas que realçassem as características das raparigas jovens, hoje as rimas viram-se também para os residentes ou público presente. Tal como antigamente, os cantores que seguem na frente da procissão e improvisam rimas, apontando boas e más características das pessoas e aspetos relativos às suas vidas na comunidade.
Por isto recebem alguns donativos que tradicionalmente põem nas suas botas. No cortejo original, as oferendas do povo eram geralmente ovos, bacon, folhados doces e vinhos. Hoje, as doações servem para cobrir os custos de preparação do cortejo.
Uma vez terminado o cortejo, o “Rei” era tradicionalmente levado para campos fora da aldeia para que numa batalha de forças mostrasse as suas capacidades contra os “Reis” das outras aldeias.
Hoje em dia, depois de várias horas de cortejo pela aldeia, os participantes regressam a casa para mais tarde se juntarem em casa do “Rei” e usufruir de um pequeno banquete, que juntamente com um serão de música e dança, determina o fim dos festejos.