As relações entre os cinco países ribeirinhos do Árctico – Rússia, Dinamarca, Noruega, Canadá e Estados Unidos – têm sido marcadas nos últimos anos por tensões relativas à soberania da região, onde o aquecimento global descongela o acesso a importantes riquezas naturais e abre rotas marítimas.
Num documento publicado no sítio electrónico do Conselho de Segurança da Rússia, “Bases da Política Estatal da Rússia no Árctico até 2020 e Posterior Perspectiva”, assinala-se também que esse região deve passar a ser controlada pelo Serviço Federal de Segurança (FSB, ex-KGB) e, até 2016, transformar-se “numa estratégica base de recursos da Federação da Rússia”.
O capítulo “Tarefas e medidas fundamentais para a realização da política de Estado da Rússia no Árctico” é dedicado à criação nessa região de “contingentes de tropas convencionais das Forças Armadas da Rússia, de outras tropas, de órgãos e unidades militares na zona árctica da Rússia capazes de garantir a segurança militar em diferentes condições da situação político-militar”.
Além disso, o documento propõe a criação de “um sistema activamente funcional de guarda-costeira do Serviço Federal da Rússia na zona árctica”, sublinhando que essa região deverá ficar sobre apertado controlo do FSB.
“Optimizar o sistema de controlo complexo da situação no Árctico, incluindo o controlo fronteiriço nos postos de travessia da fronteira da Rússia, implantar um regime de zonas fronteiriças na região do Árctico e organizar o controlo instrumental e técnico de baías, de foz de rios e de estuários na Rota Marítima Árctica”, lê-se no documento.
A Rota Marítima Árctica é uma via que liga os portos setentrionais da parte europeia da Rússia com o Extremo Oriente do país. Por enquanto, a navegação é realizada durante alguns meses, mas o aquecimento global pode torná-la navegável durante todo o ano.
Entre as prioridades da estratégia sublinha-se a delimitação das fronteiras marítimas no Oceano Glaciar Árctico e a garantia de uma presença mutuamente vantajosa da Rússia no Arquipélado de Spitsbergen.
O Arquipélago de Spitsbergen é um território sob soberania da Noruega, embora sujeito a um regime específico de acesso aos seus recursos naturais por parte da Rússia.
Segundo a estratégia aprovada, até 2010 devem ser preparados todos os materiais jurídicos que provem que a cordilheira submarina de Lomonossov e a elevação submarina de Mendeleev são a continuação da plataforma continental e parte do território da Federação da Rússia.
De acordo com cálculos de cientistas russos, no Árctico encontram-se cerca de 20% das reservas mundiais de petróleo e gás.