A sala estava meio vazia, mas André Ventura preferiu olhar para o “copo meio cheio”. O Chega “passa de zero deputados para dois deputados [António Tânger Corrêa e Tiago Moreira de Sá] no Parlamento Europeu”, realçou Ventura numa primeira reação aos resultados oficiais das europeias, já após a meia-noite. “Estamos de parabéns”, afirmou o presidente do Chega, destacando que “nem liberais, nem extrema-esquerda” conseguiram ultrapassar o partido como a terceira força política nacional, como se chegou a julgar ser possível, aquando das primeiras projeções.. “Ninguém nos ultrapassou”, sublinhou.
O resultado do Chega nestas eleições europeias ficou, porém, “aquém das expectativas”, como já tinha admitido o próprio André Ventura, à chegada ao quartel-general do Chega desta noite, no Hotel Marriott, em Lisboa. “O Chega entra em todas as eleições para vencer”, disse, acrescentando que, “enquanto for presidente [do Chega]”, as noites eleitorais só serão positivas “com uma vitória”.
Apesar do (evidente) desânimo, o presidente do Chega considera que “não se pode extrapolar” estes resultados para leituras nacionais, afirmando que “esta foi apenas uma etapa” numa caminhada que, garante, “só terminará com a vitória do Chega nas eleições em Portugal”. Recorde-se que, depois dos 18,07% – e quase 1 milhão e 170 mil votos –, alcançados nas legislativas de 10 de março, o Chega não foi, esta noite, além dos 9,79%, correspondentes a menos de 390 mil votos.
A fechar a sua intervenção, André Ventura esclareceu que o Chega “nunca vai apoiar” António Costa para um cargo no Conselho Europeu, “nem para qualquer outro cargo no mundo”, uma posição que choca com a assumida, esta noite, pelo primeiro-ministro Luís Montenegro. “Vê-se quem continua a dar a mão aos socialistas”, gritou o líder populista.
Tânger Corrêa “puxa dos galões”
Ainda antes das declarações de André Ventura, António Tânger Corrêa dirigiu-se aos presentes, para agradecer o trabalho “de todos” durante a campanha. Embora admitindo que este “não foi um bom dia” para o Chega, o polémico candidato (e agora eurodeputado) decidiu “puxar dos galões”, lembrando a sua carreira como diplomata.
Tânger Corrêa recordou que andou “40 e tal anos” na “senda internacional” a trabalhar por Portugal, local onde disse “nunca ter visto” Luís Montenegro, Marta Temido ou Sebastião Bugalho. Após garantir que não se candidatou “para ter um tacho”, o embaixador reformado afirmou que vai agora para Bruxelas “para trabalhar” e para representar os portugueses “com tudo”.